De tantos personagens que poderiam aparecer nesse formato de mundo aberto e liberdade para ir até onde quiser, o Sonic seria o último que brotaria em minha mente, tudo bem que não sou o maior fã do ouriço azul, mas durante a infância joguei passei algumas horas com o mascote da Sega, mas o contato foi sempre com as fases em 2D, e com cores vivas e músicas alegres, quase dançantes.

Sei que Sonic apareceu em bastantes jogos que se distanciaram de como ele nos foi apresentado, sempre sem perder o ritmo frenético, acelerado ao máximo, mas esses títulos passaram longe do meu radar, o que contribuiu para uma experiência nova, curiosa e na maior parte, gratificante com o mais recente título.

Pernas pra que te quero

Se Sonic é veloz como uma bala, um mundo aberto e com tamanho considerável caiu como uma luva, ou melhor, um tênis, para ele, facilmente uma das melhores fusões nesse jogo, um velocista e um mundo vasto para percorrer.

Os memes que surgiram na comunidade quando o jogo foi apresentado são até compreensíveis, visto que as primeiras imagens do game mostravam o ouriço em um mundo cinza, com um tom melancólico, enquanto uma canção quase triste tocava.

Mas vamos com calma, o jogo intercala com a atmosfera cinza e as cores vivas que a gente já conhece, se quando iniciamos o game o impacto inicial é de que esse personagem foi parar em uma obra que não seria dele, logo que os primeiros quilômetros são devorados iremos entender qual a proposta do jogo.

Sonic é o tipo de personagem que não pode ser introduzido em qualquer ideia nova (pelo menos a meu ver) sem correr o risco de cair em uma obra desinteressante e chata, um mapa aberto com diversas muitas atividades, e quando digo muitas, são realmente muitas, poderia ter sido um tiro no pé, mas felizmente eles acertaram bastante, ou podemos dizer que eles erraram menos ao fazer o game.

O objetivo aqui é simples, após Robotnik realizar mais uma de suas vigarices, caímos em uma espécie de mundo alternativo, e nossos amigos foram parar em outra dimensão, e claro que o protagonista pode entrar e sair desse local sem problemas, então temos que ajudar Tails, Knuckles e Amy, pois eles estão presos na tal dimensão.

Enquanto esse é o objetivo principal, os secundários estarão no caminho, são enigmas, fases extras e batalhas de chefes, isso enquanto corremos de um lado para o outro coletando objetos específicos que servem como chaves para iniciarmos as missões.

Os enigmas não possuem grande nível de desafio, alguns podem até parecer difíceis, mas é uma questão de observar bem a área para aprender como solucionar, e há aqueles que servem mesmo só como um a mais, pois são solucionados com a mesma facilidade com que respiramos.

Mas temos que fazê-los, pois para cada charada decifrada, recebemos uma semente vermelha ou azul, essas que servirão para aumentar o ataque e a defesa do personagem.

Cada mapa possui um objeto em específico, mas a serventia deles é a mesma, para conseguirmos coletar é necessário passar por diversos caminhos espalhados pelo mapa, são sequências em que Sonic precisa deslizar por corrimões, saltar de trampolins e voar por arcos que irão impulsionar o personagem até o objetivo, que aqui são as os objetos já citados.

Não é nada difícil conseguir esses objetos, até porque com alguns minutos já estamos familiarizados com os comandos, que são bem simples, o problema está no que eu considero o maior erro do jogo, a distribuição desses níveis, eles me pareceram jogados pelo mapa e é fácil se perder e acabar realizando os mesmos testes mais de uma vez, o que gera frustração e pode desanimar a jogatina do dia.

Além do mais, o mapa pode ser grande, mais atravessá-lo não é nenhum problema, ora, estamos no controle do Sonic, que já se movimenta rápido só de empurrar o analógico para frente e ainda conta com um botão de turbo que faz ele ir ainda mais rápido.

A pescaria serve para encontrar itens úteis.

E isso pode fazer com que a gente se perca no começo do jogo, inclusive há um aviso sobre isso bem no começo do jogo, é necessário paciência para entender e decorar os caminhos por onde a gente passa, para que assim não percamos tanto tempo para prosseguir na história.

Sonic of the Colossus

O jogo que me veio na mente ao começar Sonic Frontiers foi justamente Shadow of the Colossus, um mundo cinza, com construções em pedra que lembram bastante as do jogo da Sony, o que difere é que diferente do Shadow, aqui há muita coisa para fazer e mais inimigos, e aqui entramos na melhor parte do jogo, seu combate.

Sonic terá que enfrentar muitos inimigos por todo o mapa, uns mais difíceis, outros ridicularmente fácil, entre eles estão os mais simples, que aparecem por quase todo mapa, os guardiões e os titãs, esses últimos são os chefes de cada fase.

Os mais fracos morrem com um golpe ou um simples combo, já que Sonic é dotado de uma quantidade considerável de movimentos especiais, e um mais apelão que o outro, são combos e poderes que vão desde feixes de luz em sequência, até uma porção de orbes mágicos que tiram muita vida do oponente.

Isso somado com a alta velocidade do protagonista não deixa brecha para que haja falhas, mais para o fim do game, estamos tão fortes que nem mesmo os grandes chefes dão trabalho, são eliminados com uma certa facilidade, mesmo jogando no difícil.

Quando vamos enfrentar os guardiões, entramos no que se pode chamar de “arena de batalha” onde vamos seguir um padrão de combate até derrotar o subchefe, cada um deles apresentam habilidades distintas e formas diferentes de serem eliminados, mesmo que eles se repitam no decorrer dos mapas, sempre é divertido enfrentá-los.

A Lula é um dos generais mais chatos.

Alguns são de um tamanho razoável, outros são colossais e precisamos escalar eles para destruir partes ou atingir o ponto que dará dano para a máquina, e sim, eles são robôs.

E não tem muito para onde correr, para cada general derrotado vamos ganhar engrenagens que servem para desbloquear os portais pelo mapa.

Portais esses que dão acesso para as fases da dimensão paralela, essas que vão ter a cara e as cores dos jogos clássicos, inclusive trazem temas mais alegres, mas elas acabam rápido e são feitas para que sejam superadas no menor tempo possível, elas são o caminho mais rápido para achar as chaves que irão abrir os cofres que gradam as gemas do caos.

Super Sonic, o imbatível.

Quando todas as missões do mapa são feitas, vamos enfim enfrentar o titã, que é o chefe da área, esses que são o maior desafio, porém os mais “fáceis” escreve em aspas pois dependendo no nível de paciência do jogador, eles podem ser um grande problema.

Após coletar seis das gemas, a sétima estará de posse do grande inimigo, após realizarmos uma sequência para poder chegar até ela, Sonic absorve as joias e se torna Super Sonic, com a clássica forma dourada e voando pelos céus.

Nesse estado não perdemos vida, somos literalmente imortais e a quantidade de anéis vai diminuindo, e esse é o tempo que temos para acabar com o chefe, mas isso nem de longe é um problema, porque nessas lutas o game toma um estilo de combate absurdo, todas as habilidades são potencializadas e os ataques geram muito dano, até mesmo golpes de um ser gigante são rebatidos pelo Sonic.

É quase uma batalha de Dragon Ball, com direito a poderes gigantes e finalizações épicas, a música deixa de a melancolia e dá espaço para J-rocks que aumentam ainda mais a adrenalina, são as batalhas mais insanas do game e o que nos mantêm no objetivo, mesmo quando ele nos enjoa por sua falta de desafio.

Uma pena que essas batalhas apesar de sensacionais, elas são fáceis demais, isso porque o Super Sonic causa muito dano, e depois de dominar o combate, dar uma surra nos titãs chegar ser brincadeira.

Sonic prontinho para destruir uns robôs gigantes.

O jogo possui dois modos, um de qualidade para priorizar os gráficos e um que deixa o jogo em 60 fps, não preciso nem explicar o motivo de jogar um game que na maior parte do tempo estamos rápidos como foguete, com o máximo de frames possíveis.

No fim, Sonic Frontiers é um jogo divertido em muitas partes, chato em outras e épico ao fim de cada capítulo, será uma ótima experiência para os fãs e diferente para aqueles que não são, se houvesse maior organização e uma história um pouco mais instigante, esse seria um excelente título, o que não impede de no futuro criarem uma continuação melhor.

O saldo foi positivo ao jogar, longe de ser o mais divertido jogo do ano, mas também não está perto das duras críticas que o jogo vem recebendo de alguns canais.

Essa análise foi feita com base em uma cópia cedida pela Sega, agradecemos por confiar em nossa equipe.

Nota
Geral
8.5
sonic-frontiersCorrer, resolver enigmas, batalhar contra seres gigantes e acompanhar uma história simples, a aventura com o ouriço foi diferente de tudo que vi com o personagem, vale uma chance, pode ser ainda mais divertido do que você acha.