Depois de Uncharted, o desfile de exclusivos do PlayStation que chegam para o PC continua agora com ‘Sackboy: Uma Grande Aventura’, um port do divertido jogo de plataforma que vem com melhorias visuais e novas opções para aproveitar o poderio técnico dos computadores mais poderosos do mercado.
A primeira coisa que você deve ter em mente é que Sackboy: Uma Grande Aventura é um título de plataforma bem familiar. Visualmente maravilhoso, não pretende revolucionar o gênero, mas cumpre muito bem sua função. Mas a pergunta é: com um pequeno intervalo de tempo entre o lançamento de Sackboy e Uncharted e o alto preço cobrado por esses ports, vale a pena dar uma chance a ‘Sackboy: Uma Grande Aventura’?
O importante é aproveitar a experiência
Esqueça as guerras de console e briguinhas imaturas de fanboys, a nova estratégia da Sony de oferecer seus jogos first party no PC só beneficia os usuários e a própria empresa. Está visto e comprovado que os usuários de computadores são bons compradores, e se o produto é único ou se lhe apetece, o elogio é sempre cantado nas análises da Steam ou Epic Games Store. E acho que com Sackboy vai mais além do que qualquer port que a Sony traga para o PC.
Ele proporciona algo que só não está em falta nos consoles da Nintendo: grandes jogos de plataforma 3D. Você pode até falar que temos jogos indies brilhantes como ‘A Hat in Time’, e eu concordo sem sombra de dúvidas. Mas a falta de produções AAA para jogos do gênero é algo que a própria indústria fez questão de ir sucateando com o passar do tempo.
Portanto, deixo claro: ‘Sackboy: Uma Grande Aventura’ já se tornou automaticamente um jogo indispensável para o usuário de PC e fã do gênero de plataforma 3D.
Sackboy, uma grande aventura old school
E não é que em pleno 2022 nós temos um jogo antiquado? Quem diria, hein? Um personagem carismático, controles simples e desafios de plataforma em uma câmera fixa. Você já viu isso em algum momento da sua vida, certo? Mas apesar de todo sistema que já conhecemos e sequer precisamos de tutorial para aprender as mecânicas, Sackboy sabe fazer e faz muito com esse gênero, principalmente com as perspectivas de câmera e segredos dentro do mapa.
A sensação de descoberta e tentativa e erro, torna cada fase que jogamos com o Sackboy completamente diferente, apesar de o sistema ser basicamente o mesmo: coletar esferas e moedas.
Mecanicamente, a verdade é que não tenta revolucionar o estilo clássico dos jogos de plataforma. Você passa de um nível para outro em um mundo superior no qual avançaremos desbloqueando novos níveis e minijogos. Cada uma dessas zonas termina com uma batalha final contra o chefe – eles não são difíceis e podem ser derrotados na primeira tentativa.
Cada nível tem um design diferente e bastante original, encontramos níveis onde a tela avança nos impedindo de voltar ou outros onde teremos que reunir uma série de pequenos animais que foram perdidos. Não que essa gama de mecânicas e mundos gire muito ao longo do jogo, mas cada nível é único e mostra uma experiência original.
Ao entrarmos nas fases de ‘Sackboy: Uma Grande Aventura’, logo de cara percebemos uma sensação de um jogo acessível, quase infantil em sua mecânica, a momentos em que se torna um pequeno desafio. Esses desafios, embora não sejam impossíveis ou que vão te fazer quebrar o controle da raiva, dão aquela coceira que esse gênero sabe fazer como ninguém e que fará você ficar com a sensação de que essa esfera oculta tinha alguma maneira também oculta de conseguir coletá-la.
Este sistema torna o jogo bastante rejogável e o desafio de atingir 100% em cada fase não é um leão de duas cabeças, pelo contrário, pode ser algo suportável e que, com o tempo e aos poucos, pode ser alcançado. Se somarmos a isso a possibilidade, a qualquer momento, de transformar nossa aventura em uma experiência cooperativa, a diversão se multiplica rapidamente.
Se adicionarmos esses conceitos: replay, coletáveis e cooperativo, temos um conjunto impressionante de mecânicas, gênero, sociabilidade e desafio que torna este jogo um daqueles que, a cada x tempo, você vai parar pra dedicar algum tempo a ele, apesar de que, ao terminar a história principal, você voltará apenas para completar as esferas ou experimentar a campanha completa no modo multiplayer, se preferir.
Sackboy, o salvador do mundo
No final das contas, como quase sempre, a história nesse gênero de jogo se resume em o protagonista ser o último dos moicanos e tentar salvar o mundo. Mesmo ele sendo o herói mais improvável possível. Bem, é basicamente isso que acontece com o bom e velho Sackboy, que estava tranquilo pintando alguns quadros na praça da cidade, até que de repente, se torna o salvador de seu povo.
A história se passa no mundo dos artesãos, até que um dia Vex, o horripilante vilão, aparece e suga todos os habitantes. Por sorte, Sackboy conseguiu escapar e logo descobre a profecia clichê da jornada do herói: um garoto que salvará o mundo artesanal das mãos do malvado Zex. Diante de tal evento, Sackboy com a ajuda de sua amiga Scarlet – uma velha guerreira de costura – e Zomidio Zuchi – um comerciante que nos venderá roupas novas – nós veremos na posição de perseguir Vex por 5 mundos.
Não é uma história que procura surpreender o jogador, mas é excelentemente narrada e tem personagens simpáticos trazidos à vida por atores como Dawn French e Richard E. Grant. Uma história destinada a um público jovem que também tem uma piscadela ocasional para os adultos.
Um belo trabalho técnico
A Sumo Digital fez um trabalho muito bom ao adaptar a versão PS5 para PC, e sabendo disso, podemos falar do elemento diferencial do PC em relação ao PlayStation: a acessibilidade gráfica. Enquanto no PS4 e PS5 não podemos modificar a qualidade do jogo além de certos elementos, no computador as coisas mudam muito. E neste port, nós temos muitas opções para personalizar o jogo na qualidade desejada.
Eu pude testar o jogo em um computador que atende os níveis recomendados e pude desfrutar da principal feature da geração, que é o Ray Tracing, aqui super bem aplicado, tal qual foi no Marvel’s Spider-Man. O jogo ainda conta também com suporte ao Dualsense para termos também a experiência tátil que o controle do PS5 pode oferecer.
Embora, infelizmente, ainda precisamos estar com o controle plugado via cabo USB no computador para aproveitar os recursos que ele pode oferecer. O jogo está bem otimizado, embora seja possível que tenhamos que ativar o DLSS para que atinja sua capacidade máxima em resoluções acima de 1080p.
Mas onde este jogo sobe um pouco em comparação com outros jogos do gênero, é em sua parte sonora. As primeiras fases já mostram isso, com algumas amostras curiosas que você pode ver na prática, como elas se harmonizam à medida que avançamos pelas fases. Todo o jogo se move ao ritmo da música, inclusive eu e você, posso lhe garantir.
E eu já falei que o jogo tem um grande fator replay, certo? Pois é, em algumas fases você repetirá elas apenas para repetir a experiência sonora que você acabou de experimentar. Ah, e vale ressaltar que o jogo conta com uma excelente dublagem em português!
E aí, vale a pena?
Neste título, a Sumo Digital não tenta revolucionar o gênero, mas entrega uma excelente experiência em plataforma 3D. Seu baixo desafio pode fazer com que os jogadores mais exigentes fiquem entediados rapidamente, pois é um título pensado principalmente para os mais pequenos. Mesmo assim, graças à sua boa história, variedade de níveis e sua ótima trilha sonora, faz com que curtir o título sozinho ou com mais 3 amigos seja uma ótima opção.
O título está com o seu preço de lançamento fixado em R$ 249 tanto na Steam quanto na Epic Store e este é um preço que já está se tornando padrão para a SONY em seus títulos para o PC. O que constato em relação aos ports do Playstation para o PC, é que Sackboy deixa claro que a Sony não tem uma política comum ao decidir como portar seus jogos.
Sackboy conta com suporte a Ray Tracing, diferentemente de Uncharted, lançado poucos dias antes, e God of War. Enquanto o próprio Marvel’s Spiderman, por outro lado conta com tal tecnologia de forma magnífica.
Sem dúvida, se você gosta de jogos de plataforma, Sackboy é um título para ter em mente. E como disse neste texto, o PC nunca foi um campo florido para jogos de plataforma 3D clássicos, por isso este jogo é tão interessante. Portanto, se você gosta do gênero, experimente, você vai se divertir muito.