Loot Boxes e a polêmica no mundo dos jogos de computador

O universo dos jogos, de maneira geral, é repleto de polêmicas. Quem joga em plataformas como a 777 Bet vem acompanhando, por exemplo, as várias discussões que ocorrem no Brasil a respeito da sua regulação, taxação e mesmo restrições para se evitar práticas
ilegais relacionadas ao jogo. Não era para ser diferente no mundo dos jogos eletrônicos, que tem também suas polêmicas.

E este artigo irá tratar de uma polêmica muito importante que mobiliza atenções da indústria dos jogos eletrônicos e também de seus entusiastas, que é a questão dos Loot Boxes. Nos últimos anos, Loot Boxes vem sendo alvos de reações acaloradas de profissionais da
indústria dos games e também da comunidade de jogadores, tanto a favor como contra. Além disso, o tema chegou até a ser pauta de ministérios em alguns países.

Mas afinal, o que são as Loot Boxes? Elas são boas ou ruins? O que dizem seus críticos e seus defensores? Nosso objetivo aqui não é defender uma posição de um lado ou do outro, tampouco resolver a questão, mas passar um panorama geral da discussão de maneira que
o leitor ou leitora possa se localizar no debate e procurar tomar seu próprio lado no debate.

Afinal, o que são Loot Boxes?

Começando pelo básico, precisamos explicar o que são Loot Boxes. Em uma tradução literal, seriam “caixas de saque”. Elas foram criadas pela indústria de jogos eletrônicos para designar um tipo específico de item, que é virtual e consumível e pode ser resgatado. Uma vez resgatado, o jogador poderá receber uma seleção aleatória de itens adicionais.

De maneira resumida, Loot Boxes são sistemas usados em jogos que dão prêmios — na forma de itens — de maneira aleatória. Dentro da mecânica dos jogos, assumem um papel dentro a de um conjunto de microtransações dos jogos, podendo ser compradas com moedas internas que existem neles ou ainda com dinheiro real.

Cabe dizer que elas também passaram a funcionar como mecanismos de monetização de jogos gratuitos. Porém, é sabido que alguns dos grandes títulos também vêm recorrendo ás Loot Boxes. Comprar uma Loot Box gera expectativas consideráveis nos jogadores, uma vez que pode vir dentro delas qualquer coisa, desde um item raro ou raríssimo, bastante esperado dentro do contexto do jogo, até outros mais vulgares, que poderiam ser adquiridos ou achados em algum momento do jogo.

Com essas informações, podemos entrar nas polêmicas.

Críticas: o que dizem as pessoas que querem a proibição das Loot
Boxes?

O centro das críticas às Loot Boxes está no fato de que não se pode visualizar previamente o que têm nelas, o que faz com que a fronteira entre esses itens e os jogos de azar se torne, no mínimo, bastante tênue. Há muitas pessoas que vêm as criticando por ligá-las a comportamentos compulsivos.

Há um caso emblemático que repercutiu em 2019, na Inglaterra. Naquela ocasião, 4 crianças da mesma família gastaram o equivalente a 550 libras (mais ou menos R$2.600,00 segundo valores da época) no jogo FIFA, adquirindo Loot Boxes visando obter o jogador Lionel Mes — as crianças não conseguiram.

Só que o jogo que desencadeou a atual onda de críticas foi o Star Wars Battlefront 2. O jogo usava a Loot Box de maneira que beneficiava jogadores no modo multiplayer. Quanto mais se gastava dinheiro real para adquirir esses itens, mais os personagens evoluíam. Mas quem não o fazia tinha toda a sua evolução comprometida, além de quase inviabilizar o próprio jogo. As Loot Boxes do jogo davam itens como cartas poderosas a personagens, de maneira que quem não gastasse com elas poderia ser bastante prejudicado.

A polêmica rendeu tanto que a EA, a desenvolvedora do jogo, resolveu desativar as microtransações — ou seja, gastar dinheiro real — no jogo. Mas houve polêmicas ainda mais graves.

Problemas legais

Alguns países já impuseram restrições às Loot Boxes em jogos. Países como Bélgica, China, Japão e Coreia do Sul criaram regulamentações para limitar seu uso nos jogos. Na Bélgica, inclusive, elas foram proibidas.

Nos Estados Unidos, foram movidas ações civis públicas da Anced (Associação dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente contra desenvolvedoras de jogos, por conta das Loot Boxes. No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia e o Ministério Público do Distrito Federal já se posicionaram publicamente contra as Loot Boxes, recomendando sua proibição.

Mas o que dizem de positivo sobre as Loot Boxes?

As polêmicas já provocaram reações. Em 2019, por exemplo, o jogo Heroes of Storm removeu a função de uso de dinheiro real para a compra de Loot Boxes. Mas isso esteve longe de ser uma reação isolada às polêmicas.

O Overwatch, da Blizzard, que citamos no início do texto, propôs uma alternativa interessante a alguns dos problemas mencionados acima. Manteve as Loot Boxes que podem tanto ser compradas usando dinheiro real, quanto obtidas com o progresso no jogo. Mas como deixam claro desde o início, os itens não influenciam o andamento do jogo, sendo na sua grande maioria meros acessórios.

A EA, no FIFA 21, de 2021, também inovou, introduzindo a mecânica chamada Ultimate Team Preview Pack, que permite visualizar o conteúdo da Loot Box antes de comprá-la — evitando situações como a descrita acima das 4 crianças na Inglaterra.

Enfim, esses jogos e suas respectivas desenvolvedoras mostram que é possível manter as Loot Boxes de maneira ética e sem estimular comportamentos compulsivos ou cruzar a linha com os jogos de azar, algo que essas empresas não desejam e que as pode trazer implicações jurídicas importantes.