Nós podemos assistir filmes com diferentes estilos de abordagem, eles nos farão entender sua mensagem de forma que diferencie de outras pessoas, claro que existem as exceções, mas em Uma Noite em Haifa, que estreou nos cinemas brasileiros no último dia 10, tive um misto de sensações, que foram da ausência de interesse até uma curiosidade estranha.

A noite é sempre mais escura antes do amanhecer

O filme começa com o que parece ser uma explicação do que aquela noite irá significar para o telespectador, um homem é atacado e retirado de seu veículo, espancado de forma violenta ele é deixado na rua, ferido.

É possível que nesses poucos momentos, o filme queira mostrar que o tom dele é de algo que pode culminar em uma violência brutal, já que o longa é uma abordagem da atual situação tensa no país Israel.

Como se fosse normal, o homem atacado não busca por ajuda, simplesmente é acolhido por uma mulher e acaba por cair em um momento romântico com ela.

E a tensão sexual dos personagens perpetua por todo o filme, como uma corda que foi esticada ao máximo, e espera para arrebentar, mas claro que essa não é a única tensão do filme.

Como informei antes, o filme me pareceu querer que entendamos uma situação macro, ao ver uma noite inteira de problemas micros, mas lembre-se do que falei antes, cada um terá sua visão.

Se o começo do filme me deixou atento, e curioso por conhecer os personagens, e entender por que eles tomavam atitudes anormais diante de problemas considerados graves no mundo real, logo me peguei em um desinteresse gigante, mas vamos aos pontos que me levaram a isso.

Haifa possui noites longas para alguns…

Conforme contei mais cedo no texto, a cena inicial é uma verdadeira pancada, e o que se segue são planos que tendem a gerar curiosidade e inquietação, mas passado essas cenas, tive que me segurar para não virar minha atenção para outra coisa.

E aqui não pretendo gerar nenhum desrespeito ao diretor do filme, já que por mais que tenha tido uma experiência não tão positiva na maior parte, consigo entender que é uma boa obra para aqueles que entendem mais do que ele quer mostrar.

Claro, se não somos conhecedores da situação social do local em que se passa o longa, não teremos como sentir empatia com os acontecimentos, o que é diferente para com os personagens, por se tratar de algo mais palpável.

É como se fossemos convidados a observar uma noite, com pessoas aleatórias, conversando sobre seus erros, suas dores, seus medos, e no meio disso, sentíssemos uma vontade súbita de perguntar e entender mais, mas sem poder de fato fazer.

No meio de diálogos que são ricos, bem construído, perdi a velha atenção que tinha pelo filme, o que me deixou incomodado, mas com a certeza de que poderia ser simplesmente um choque de cultura, não é como ver um filme brasileiro, que demonstra situações comuns para todos nós.

Mas passando da metade do filme, aquela atenção primária havia retornado, e pude terminar o filme com um saldo positivo.

No meio da situação obscura de mulheres, a opressão dos homens que circundam elas são sufocantes, Uma Noite em Haifa mostra como certos locais podem ser diferentes do que achamos certo, e o fato de não ser apenas ficção, carrega uma melancolia cruel.

Amos Gitaï realiza um belo trabalho, que merece ser visto, mesmo que você tenha uma abordagem parecida com a minha, já que um dos poderes do cinema é nos mostrar diferentes pontos de vistas do mundo.