A indústria de jogos possui diversos estilos que surgiram e fizeram ela ainda maior, podemos citar um dos mais importantes gêneros que é referenciado até hoje, o metroidvania e seu legado presente em inúmeros jogos ou os jogos de narrativa e suas reflexões mais aprofundadas.

Todos esses anos e o gênero que mais me agradou e me conquistou (mesmo que tenha sido na base do ódio em alguns casos) foi o soulslike, estilo consagrado pelos jogos da saga Souls, produzidos por Hidetaka Miyazaki, esses deram origem outros títulos que não só se inspiram, mas acham meios de trazer sua própria identidade para dentro de algo já consagrado.

Ano passado tivemos muitos soulslikes, alguns mais independentes, como o excelente Thymesia, outros com sua bagagem invejável, como no caso de Elden Ring. Jogos em que sua dificuldade ainda é o assunto mais comentado quando discutimos sobre tais obras.

Existem os que são praticamente impossíveis para alguns, como Sekiro: Shadows Die Twice, uns mais fáceis como o desperdiçado Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin.

Porém Wo Long: Fallen Dynasty parece ter estabelecido um novo patamar para um estilo que afasta muitos jogadores, isso por balancear bastante sua jogabilidade e sua dificuldade, possibilitando poucos momentos de frustração e mais diversão.

O início da jornada

Wo Long: Fallen Dynasty deixa de lado a oportunidade de arriscar um início mais criativo, após a tela de customização do personagem, temos o bom e velho protagonista que volta a vida e é automaticamente escolhido para salvar o mundo de um mal supremo, é assim em quase todos os jogos do estilo que abrange a obra em questão. Após uma breve apresentação dos elementos mágicos presentes na narrativa, podemos finalmente começar nossa jornada pela China antiga guiada pelo rapaz vendado.

O jogo já mostra suas diferenças bem no começo, quando nos apresenta um novo sistema de combate, que particularmente achei muito elegante e extremamente viciante. Consiste em elementos já conhecidos; ataques leves, fortes, defesa, defletir e esquivar, mas o que torna ele diferente é o modo que utilizamos cada um deles. Vamos por partes.

A defesa é a mais simples, segurar o botão fará o personagem ter a guarda levantada e golpes desferidos nela irão aumentar a barra de estamina, paralisando o protagonista por alguns segundos caso chegue ao limite, a estamina por sua vez não vai gastar quando corremos ou atacamos, apensas ao defender e esquivar, isso abre um leque de novas oportunidades, atacar diminui a barra de “cansaço” e permite desferir inúmeros combos.

Ao atacar, uma barra azul é preenchida, essa permite desferir os ataques espirituais, que não podem ser defendidos pelos inimigos, enquanto houver barra espiritual, nossa estamina não precisará ser utilizada.

Existem duas formas de evitar os ataques inimigos, defletindo ou esquivando, esquivar gasta mais recursos e é a forma mais segura, defletir acumula recursos (a barra espiritual também é ganha ao defletir), apesar de ser mais arriscada, é altamente indicado que você aprenda, pois ao defletir, o personagem evita qualquer tipo de dano, não há nada no jogo que possa causar perigo ao defletir perfeitamente.

Defletir e somar isso aos ataques leves e pesados, gera uma boa vantagem até mesmo contra os grandes chefes.

O combate sem dúvidas é o maior acerto em Wo Long: Fallen Dynasty, a elegância das animações enchem os olhos mais atentos, mesclando magias e artes marciais, todas possuem movimentos graciosos e poderosos na medida.

São muitos tipos de armas, espadas, lanças, marretas, arcos, bestas etc. Um arsenal que permite combinações para determinadas situações, se o inimigo é lento, uma boa lança e seus golpes rápidos serão úteis, mas se ele é mais rápido, porém sofre perca de equilíbrio facilmente, uma arma pesada irá encurralá-lo.

Água mole, pedra dura…

Um sistema bastante interessante é caminho das cinco fases, que basicamente são os elementos da natureza, e devem ser explorados com calma, pois é aqui que vamos distribuir nossos pontos de habilidade, gerando nossa progressão de personagem. Assim como em NiOh, os elementos que superam outros são extremamente úteis, usá-los podem significar a vitória em muitas lutas.

Usar uma espada imbuída em gelo contra aqueles que possuem fraqueza ao elemento é sempre uma boa opção, aqui o dano elemental é somado ao dano físico e quando a barra de efeito é preenchida, o dano será constante por alguns segundos.

Temos que ter cautela em distribuir os pontos, para não corrermos o risco de deixar o personagem sem dominar um elemento que fará falta mais na frente do jogo, por sorte, podemos redistribuir todos os pontos e consertar pequenas falhas.

Cada um dos caminhos elementais, dá acesso magias do elemento correspondente, ao combiná-las em batalha, o efeito é satisfatório, pois aumenta muito o dano causado, mas devemos ter cuidado, usar magia gasta muita estamina e pode deixar o personagem vulnerável.

Os elementos podem ser usados para ataque e para defesa, são excelentes para controlar o campo de batalha; podemos espalhar armadilhas de gelo, poças de veneno, deixar fogo no chão etc.

Outro aspecto que devemos aprender, e esse sem dúvidas é aquele que fará uma luta que duraria dez minutos, acabar em dois ou três, que são os ataques críticos, são golpes não defensáveis e que passam pela defesa, podemos esquivar da trajetória ou defletir, quando defletimos deixamos o oponente completamente exposto para um combo completo, além de diminuir bastante sua barra de estamina, e essa técnica deve ser usada principalmente nos inimigos principais do jogo, fazendo o procedimento correto, podemos desferir um golpe mortal que vai tirar muita energia.

Mas não basta saber usar a janela entre uma contra-ataque ou outro, é preciso entender outro sistema do jogo, que é o nível de destemor.

Durante todas as fases, iremos encontrar pontos para colocarmos a bandeira de guerra, existem aquelas que marcam um ponto fixo de continue, onde podemos usar nossa experiência, comprar itens, preparar para batalhas, algo semelhante as fogueiras em Dark Souls, outras que servem para recuperarmos nossa vida uma única vez, todas aumentam nosso nível de destemor, se um oponente está com nível dezessete de destemor e você com oito, ele vai demorar muito mais para ser derrotado, e pode te derrotar com dois golpes apenas.

Por isso é aconselhável buscar todas as bandeiras ou deixar o nível de destemor em pelo menos dezoito, caso contrário as lutas contra os chefes serão extremamente complicadas.

Todos os níveis ganhos por bandeiras são permanentes, mas há como ganhar pontos temporários, derrotando inimigos, mas esses serão perdidos quando nosso personagem for derrotado.

Para facilitar nossa jornada, contamos com a companhia de outros personagens da trama que vão nos ajudar até o fim em muitas fases, eles podem ter o nível de amizade aumentado para que novos equipamentos sejam desbloqueados.

Usar os aliados é uma boa forma de não passar tanto perrengue, principalmente se eles distraem os inimigos para que façamos uma boa fuga.

Ainda no assunto combate, podemos deixar programadas várias combinações, com armas, magias e armaduras, assim podemos trocar com rapidez para uma outra que vai servir melhor na fase em questão.

As ameaças presentes no jogo não são das mais criativas, mas a obra possui uma boa variedade de inimigos e chefes, apesar dos primeiros serem apenas versões mais fortes de monstros comuns, o que não faltam são chefes, subchefes e principais, alguns com menos criatividade, outros com carisma e animações de ataque belíssimas, entregando lutas verdadeiramente épicas.

A trama do jogo é bastante simples de entender, mais com uma adição, deixando de lado uma narrativa misteriosa, a história é contada muito bem e de forma bastante direta, ao fim de cada capítulo temos uma revelação diferente.

Apesar de ser uma obra de ficção, muitos elementos usados são fatos históricos, até mesmo personagens reais aparecem, uma forma de moldar os fatos em uma obra de ficção. Como por exemplo Zhang Rang, líder do exército eunuco, que foi um influente ministro na China antiga.

Mesmo sendo um jogo divertido, ele peca em muitos pontos, alguns chefes parecem ter sido colocados ali apenas para cumprir tabela, são sem graça e fáceis até demais, em alguns momentos de minha jornada, algumas cinemáticas travaram e foi necessário reiniciar o console, pouca queda de frames, mas quando elas ocorriam, era quase que impossível não notar.

Uma velha reclamação deve ser feita aqui também, a câmera que atrapalha e nos deixa perdidos em batalhas cruciais, não adianta ter um combate excelente e acabar não vendo onde os ataques vão acertar.

Apesar de ser um jogo até que bonito, Wo Long: Fallen Dynasty não entrega o esperado para uma nova geração, na verdade ele não chega perto disso, gráficos que são bonitos apenas em cinemáticas (e ainda assim não impressionam), texturas simples e carregamentos que demoram, em uma era de jogos sem telas de carregamentos, passou de dez segundos já é tempo demais.

Mas no fim, o jogo entrega uma boa aventura, bons personagens e batalhas épicas, que podem não ser memoráveis, mas que vão deixar o jogador grudado com os olhos na tela.

Nossa análise foi escrita com base em uma cópia cedida pela Koei Tecmo, agradecemos pela confiança em nossa equipe.

Nota
Geral
8.7
wo-long-fallen-dynastyApós muitas horas, a jornada contra um vilão genérico resulta em uma boa aventura, o fator replay é excelente e a busca por 100% é divertida, Wo Long: Fallen Dynasty vai conquistar muitos jogadores, até mesmo aqueles que não curtem o estilo Soulslike.