Ah, o século de 19.  Período onde a segunda onda da industrialização começa a mostrar suas garras numa sociedade colonial, extrativista e pronta para colocar o mundo num padrão político-econômico que as marcas se estendem até os dias atuais.

O seu papel é assumir o controle de uma sociedade que lida com as fortes ondas de mudança no período de 1826 a 1936. Em Victoria 3 você assume o papel de arquiteto de uma nação que exige seu planejamento na administração dos interesses da população, do equilíbrio da balança comercial e do progresso esperado do território.

Tudo isso navegando esse período com honestidade e realismo que não tenta esconder ou florear as barbáries que acompanham o desenvolvimento da civilização.

Em suas primeiras horas de jogo mesmo com familiaridade com outros títulos da Paradox, o sentimento de desorientação é presente, e o jogo não se apresenta com muita facilidade. A cada Menu que se abre para ler sobre algum dos sistemas você é bombardeado com um número de conceitos e sistemas análogos que precisam ser levados em consideração nas suas decisões.

Apesar da tentativa em colocar o jogador em algumas nações com uma estrutura pensada e formulada para iniciantes, dificilmente será suficiente para a sua familiarização com os sistemas. Mesmo sendo uma das melhores implementações da empresa, aos olhos do iniciante as informações parecem confusas, complexas e bagunçadas. Mas não se deixe enganar, esse é um jogo extremamente recompensador.

Suas horas estudando as minúcias são recompensadas com um controle que só pessoas que já jogaram Grand Strategy Games entendem. É uma quebra-cabeça que depende do quanto você escolhe se divertir com ele, e na minha experiência com os jogos da Paradox quanto maior o tempo investido, maior a recompensa.

O mapa é gigante e detalhado. É possível ver as mudanças no que se escolhe construir como as pistas de trem, as nuances de cada forma de extrativismo, e a evolução do centro urbano que vem com as fábricas. Os recursos de sua nação giram em torno 4 índices: Burocracia, Autoridade, Influência, e as Reservas de ouro a serem administrados e que sintetizam diversos sistemas do seu território.

A Burocracia sendo o índice que mede a influência do governo na sociedade, como a capacidade de administração das rotas de exportação. A autoridade o nível de políticas e estratégias que você pode empregar no território. A influência rege o sistema diplomático do seu país, e é com ele que você define qual país estabelecer relações e rivalidades, afim de iniciar conflitos por território e recursos.

Por último temos as reservas de ouro, que possuem um limite de acumulação e servem para financiar os investimentos em infraestrutura e novos negócios do país.  Além disso você precisa manter o controle no PIB, no nível de educação do país, no padrão de vida da população, no desenvolvimento populacional e na radicalização política.

Todas as decisões que você toma giram em torno desses indicadores, podendo mudar completamente a forma com que a população se comporta, podendo oferecer vantagens e desvantagens dependendo do seu objetivo com a campanha que está jogando*.   Esses indicadores dão apenas uma noção do que está acontecendo, e quais a necessidades de sua nação.

Em Victoria 3 o seu papel é tanto de ator quanto de audiência. Muito do que acontece no mapa está completamente fora do seu alcance, o que torna cada partida diferente uma da outra mesmo optando a jogar com o mesmo país. A experiência é tanto ativa, quanto passiva podendo oferecer muitas horas de diversão.

Mas nem tudo é perfeito. O combate se destaca por ser o aspecto mais simples e pouco explorado. Em diversas ocasiões a tentativa de empregar táticas de combate ocasionavam em derrotas uma vez que a inteligência artificial do jogo é eficiente demais, tornando inútil o esforço do jogador.  Conhecendo outros títulos da empresa é uma lástima observar que uma parte tão importante foi negligenciada.

A Paradox tem fama de entregar títulos com estrutura básica para então complementá-los com uma enxurrada de DLC’s criando uma relutância ao público que deseja investir no jogo base. Porém quando comparamos com os últimos lançamentos da empresa percebe-se que Victoria 3 têm uma estrutura mais robusta e finalizada.

O jogo ainda conta com o recurso multiplayer que pode aumentar o seu tempo de jogo consideravelmente, contanto que você tenha um grupo de amigos, e que eles tenham o mesmo interesse que o seu. Nos vemos por aí, industrialista.

Nota
Geral
8.0
victoria-3Recomendo fortemente Victoria 3 aos que se interessam pela complexidade que a sociedade apresenta ao se desenvolver. Aos interessados em jogos que possuam um nível maior de complexidade no quesito das escolhas que se toma. No final das contas, tudo se resume a uma grande planilha de excel animada, e sua recompensa é a dopamina dos contadores e dos números subindo (ou descendo).