O grande inimigo de Street Fighter nunca foi a concorrência. Possivelmente, o grande adversário da franquia sempre foi, ora, ela mesma.

Podemos dizer, ao se observar a história dos seus jogos, que Street Fighter talvez nunca tenha sido uma franquia que prezou por largar na frente no número de jogos que possuía em relação aos seus concorrentes principais, como Mortal Kombat, King of Fighters ou mesmo Tekken.

Dessa forma, ainda que o legado de Street Fighter já esteja próximo de alcançar a marca de quarenta anos, somente agora, em 2023, saiu o seu sexto título. No mais, levando em consideração que o primeiríssimo Street Fighter é um jogo que muita gente nunca jogou ou sequer conhece ou já viu algo dele, temos, de fato, além de um jogo datado, um jogo de dificílimo acesso.

Com isso, naturalmente, foi o segundo jogo, Street Fighter 2, lançado em 1991, que se tornou o primeiro jogo da série para milhões e milhões de pessoas.

Com apenas quatro títulos com maior destaque até o lançamento deste sexto, a franquia passava, mediante as incertezas surgidas quando da época do lançamento do quinto jogo, por um momento intranquilo. Esta intranquilidade gerada pelos distúrbios oriundos quando do lançamento do game anterior, puseram em dúvida o novo jogo desde quando começamos a ver as suas primeiras peças de marketing (como o logo) e tivemos as primeiras revelações.

Em tese, se olharmos para os seis jogos como um todo, temos que os jogos pares funcionaram muito bem para o legado franquia. Afinal, o segundo e o quarto episódio da franquia foram responsáveis por alavancar a saga a um outro nível. Assim, esta alternância entre sucessos e problemas foi uma montanha-russa para a franquia.

 

Coube, ao sexto título, a missão e um processo de rejuvenescimento da própria série. Dessa vez, cabia ao sexto jogo entregar algo mais que apenas um jogo polido e bonito. Street Fighter precisava se ressignificar. E aconteceu, o jogo se ressignificou e expandiu-se.

Além de bonito, polido e estilizado, Street Fighter 6 trouxe novidades. Sobre as novidades, focaremos um pouco mais na frente. Vamos agora, primeiro à base do que estabeleceu a franquia desde sempre: o modo clássico

O Modo Clássico segue clássico

O modo clássico de Street Fighter segue entregando aqui o que dele se espera, ou seja, um feijão com arroz básico. E isto não é uma crítica. É apenas uma constatação de que o jogo faz, com o seu modelo clássico de gameplay, o que dele se espera.

Quem estiver ocupando algum dos lados da tela, seja eu, você ou o computador, precisará enfrentar, ao longo de três rounds — possivelmente dois, caso os dois primeiros sejam vencidos por um mesmo oponente — para sagrar-se vencedor da disputa. O modo pode ser jogado on-line, no modo história com progressão de estágios ou ainda em disputa com um segundo jogador off-line.

A Capcom entrega aquilo que a gente espera e envia um recado para os saudosistas e entusiastas da franquia desde décadas atrás. No modo clássico estarão disponíveis, logo de cara, lutadoras(es) que faziam parte do Street Fighter 2, aquele do início dos anos noventa. Somados, ainda a um rol de outros personagens agora introduzidos.

O interessantíssimo Modo World Tour

De novidade em Street Fighter 6, e que altera a mecânica e a dimensão do jogo, temos o World Tour. Para além da nova estilização gráfica de SF6, o novo modo de jogo traz inovações não só em termos de jogabilidade/mecânicas, mas esquematiza novas nuances narrativas e também, a partir do legado da própria Capcom, sente-se imbuído a trazer, para dentro deste game, homenagens e referências a outros jogos da empresa. Nesse sentido, Street Fighter 6 brilha como poucos.

O World Tour acaba, dessa maneira, abraçando o passado da série Street Fighter ao mesmo tempo em que estende as mãos para a franquia de briga de rua Final Fight. Com isso, diga-se de passagem, quem sabe a Capcom não está dando um bem vindo sinal de que, em um determinado tempo, não teremos um retorno da franquia…

Também há a preocupação de abrir novos horizontes para que o próprio jogo invista, a partir da oferta de algo que até então não existia na franquia, um modo 3D com clima aventuresco, de ação e com tons de RPG.

O modo World Tour é o grande chamariz deste sexto capítulo do Street Fighter. É, definitivamente, a melhor adição da franquia em muito, muito tempo. E se tudo der certo (e até então tem dado), com o sucesso de vendas e as boas críticas vindo, somadas ainda à aceitação do público, bem que poderíamos ver uma extensão, aprimoramento ou um update deste modo.

E digo mais: quem sabe um dia a franquia, embora não deixe de lançar jogos de luta tradicionais, aposte em um spin-off e a marca seja segmentada em mais do que apenas o jogo tradicional de lutas.

É esperar para ver.

Nota
Geral
8.5
street-fighter-6Não que a franquia alguma vez houvesse estado em alguma espécie de limbo, todavia, o que Street Fighter 6 fez pela série de jogos pode ser resumido como a água sendo transformada em vinho. Viciante em todos os modos de jogo que oferece, o novo jogo apresenta, ainda, uma revolução interna dentro do contexto dos jogos principais anteriores ao trazer o instigante World Tour, certamente uma das melhores coisas que aconteceu com a saga desde o lançamento de Street Fighter 2.