Painkiller, desenvolvido pela Anshar Studios e publicado pela 3D Realms retorna em uma versão moderna da clássica franquia, trazendo modo cooperativo online para até três jogadores e opção offline. No jogo, enfrentamos legiões de demônios e criaturas colossais em cenários góticos.

Após ser condenado por crimes contra o Paraíso, o protagonista é preso no Purgatório, mas recebe uma oportunidade de redenção: unir-se aos Campeões e impedir o anjo caído Azazel de liberar seus exércitos infernais sobre a Terra. A jornada inclui batalhas contra hordas demoníacas e os três filhos de Azazel, conhecidos como Nefilim. Vale a pena jogar esta nova versão? Acompanhe nossa análise completa!

Desde o início, deixo claro que não quero comparar esse reboot com o jogo original de 2004. Prefiro enxergá-lo como uma nova interpretação feita por outra equipe, sem me deixar levar pela nostalgia ou por padrões ultrapassados. O que mais me impressionou em Painkiller foi o design dos cenários. O jogo conta com nove missões divididas em três biomas distintos, todos com visuais incríveis e uma direção de arte claramente cuidadosa. Preso no Purgatório, meu objetivo é impedir as forças demoníacas de Azazel e os Nephilim durante uma invasão.

Design de cenários possuem identidade própria

Cada ambiente tem sua própria identidade: uma fábrica infernal, um sistema de cavernas sombrias e uma trilha que leva até uma versão corrompida da Árvore do Conhecimento, no que restou do Jardim do Éden. A atmosfera é tão intensa que chega a causar certo desconforto ,mas, afinal, estou lutando contra demônios, então tudo faz sentido. A narrativa, por outro lado, não me prendeu tanto. O jogo é voltado para o modo cooperativo, exigindo sempre a presença de dois companheiros (humanos ou robôs) e oferece quatro personagens jogáveis, cada um com um passado próprio.

Apesar das tentativas de dar profundidade às histórias, elas acabam soando rasas e pouco envolventes. Em Painkiller, todos os personagens estão no Purgatório por motivos diferentes, e o anjo Metatron me recruta para lutar contra as forças de Azazel como parte da minha penitência. No entanto, nada é realmente o que parece, e a história acaba de forma abrupta, como se estivesse guardando o desfecho para um futuro conteúdo extra. O jogo tenta adotar um tom cômico, com piadas no estilo Marvel e comentários estranhos dos personagens, mas nem sempre isso funciona. Algumas falas chegam a ser constrangedoras.

Em termos técnicos, o som tem boa qualidade, mas sofre com falhas, cortes e picos de volume irritantes. A trilha sonora segue o estilo metal de DOOM, porém sem o mesmo impacto. Além disso, notei vários problemas de desempenho: mesmo jogando offline, os aliados e inimigos se moviam como se houvesse queda de conexão, e alguns inimigos “travavam” no meio da ação. Curiosamente, o modo online apresentava falhas bem parecidas.

Armas são o destaque

Sem exageros, as armas de Painkiller são simplesmente sensacionais. Logo no início, me encantei com a Electrodriver, que dispara shurikens em alta velocidade. Achei que nada superaria essa, até conseguir a espingarda de impacto, absurdamente poderosa. Mas então comprei a SMG, e ela também se tornou uma das minhas favoritas. O jogo oferece seis armas ao todo, e cada uma delas é divertida, potente e muito bem feita. É um dos arsenais mais satisfatórios que já experimentei em um FPS. Esse impacto é ainda maior no PS5, graças ao excelente uso do feedback tátil e dos gatilhos adaptáveis, que dão sensações únicas para cada arma.

Poucos estúdios hoje se preocupam tanto com esses detalhes, e preciso reconhecer o mérito da Anshar Studios por explorar tão bem os recursos do console. Esse cuidado torna a experiência ainda mais imersiva e mostra o potencial que muitos desenvolvedores ainda deixam de aproveitar. O que mais me impressionou em Painkiller foi a profundidade das armas. Cada uma tem disparos alternativos e melhorias que posso desbloquear conforme avanço, além de opções de dano elemental, como fogo, gelo ou eletricidade. As animações dessas habilidades são espetaculares e tornam o combate ainda mais empolgante. Os designs das armas também merecem destaque ,uma mistura ousada de estilos steampunk, gótico e sci-fi, que de alguma forma funcionam perfeitamente juntos. Sinceramente, estão entre as minhas armas favoritas de todos os jogos que já joguei.

Jogabilidade segue mesmo padrão

Minha única crítica é o sistema de desbloqueio: conquistar todas as seis armas exige muito tempo e depende de moedas do jogo, o que torna o progresso um pouco cansativo. Mesmo sem microtransações, o processo parece forçado e acaba desmotivando, já que o conteúdo disponível não justifica tanto esforço. Jogando Painkiller, percebi que o conteúdo é bem limitado. Mesmo podendo jogar com dois amigos, bots ou uma mistura dos dois, o jogo oferece apenas nove fases divididas entre três biomas, cada um encerrado por um chefe , o que é pouco para uma franquia famosa por batalhas grandiosas.

Apesar das mudanças de cenário, a jogabilidade segue o mesmo padrão: eliminar ondas de inimigos em arenas, abrir portões enchendo latas de sangue ou acendendo lanternas, e enfrentar mini-chefes ocasionais. Há até uma missão de escolta longa e cansativa, mas nada realmente inovador. No começo, o combate parece divertido, mas rapidamente se torna repetitivo. A variedade de inimigos é pequena, e tudo acaba soando igual depois de um tempo, só correr, pular e atirar sem parar. Existem áreas secretas e rotas alternativas, mas elas oferecem apenas dinheiro, munição ou cura, sem acrescentar algo relevante à experiência.

Progresso cansativo

Os chefes de Painkiller têm um visual impressionante, mas me decepcionaram na prática. Alguns têm mecânicas pouco explicadas, enquanto outros são apenas “esponjas de dano”, com ataques difíceis de evitar. O mais frustrante é que, ao morrer, preciso refazer toda a fase, o que torna o progresso cansativo e repetitivo. Depois de enfrentar todas as nove fases, percebi que uma única jogada já basta — a falta de variedade pesa rápido. Há também um modo Roguelike, com arenas e objetivos aleatórios que terminam em uma luta contra um dos três chefes, mas, apesar de ser uma boa ideia, não traz novidades reais à jogabilidade.

Experimentei tudo, tanto online quanto offline, e mesmo com níveis de dificuldade diferentes e algumas skins desbloqueáveis, não senti motivação para repetir as missões. No fim, o conteúdo se esgota rápido, e a experiência começa a parecer mais uma repetição do que um desafio novo. Evito comparar jogos, mas é impossível jogar Painkiller sem lembrar dos novos DOOM. A matança frenética, as armas exageradas e a trilha de metal criam exatamente a mesma energia.

Foco no cooperativo

A principal diferença é o foco cooperativo, com sistema de esquadrão e missões em formato de raide. Ainda assim, isso não torna o jogo realmente único. Joguei tanto com pessoas reais quanto com bots e, sinceramente, preferi os bots , o que mostra como a experiência online pode ser frustrante quando os outros jogadores não sabem o que fazer. No fim, a jogabilidade segue a mesma lógica de DOOM: limpar arenas cheias de demônios e se manter em movimento constante enquanto dispara contra tudo que se aproxima. Funciona, mas não traz nada novo ao gênero.

O que me incomodou em Painkiller foi o posicionamento dos inimigos. Diferente de DOOM, onde há um cuidado claro com onde os demônios aparecem, suas habilidades e o número que você enfrenta de uma vez, aqui parece que jogam uma multidão enorme na tela e pronto: “Acabe com eles”. Às vezes até é divertido, mas na maior parte do tempo é só um caos de balas, explosões e contadores de combos subindo sem eu saber exatamente o que está acontecendo. Mesmo com armas incríveis e cenários impressionantes, sinto que Painkiller não se destaca por si só. Acaba parecendo apenas uma versão de DOOM com uma pitada de cooperação, sem trazer identidade própria.

Vale a pena jogar Painkiller?

Depois de experimentar Painkiller , minha impressão é bastante mista. Por um lado, o jogo oferece armas sensacionais, tanto no design quanto na sensação ao usá-las. Cada arma possui identidade própria, e os efeitos de disparo alternativo e dano elemental tornam o combate muito satisfatório. O feedback tátil e os gatilhos adaptáveis do PS5 elevam a imersão, proporcionando sensações únicas para cada arma, algo que poucos jogos atuais se preocupam em entregar. Além disso, alguns ambientes têm visuais impressionantes e remetem à atmosfera gótica e steampunk que os fãs da franquia apreciam. O combate em si é rápido, agressivo e empolgante, garantindo momentos divertidos e cheios de ação intensa.

No entanto, as limitações do título são difíceis de ignorar. O jogo carece de conteúdo significativo, e os objetivos e raids se tornam repetitivos com rapidez. A variedade de inimigos é pequena, os chefes nem sempre possuem mecânicas claras e, muitas vezes, as fases parecem apenas preencher espaço até chegar à luta final. Alguns problemas de desempenho, como picos de volume, falhas gráficas e movimentos estranhos dos inimigos ou companheiros de equipe, também atrapalham a experiência.

Além disso, a tentativa de adicionar um tom cômico e personagens exagerados dá ao jogo um toque meio “Marvel” que nem sempre funciona e, por vezes, quebra a imersão. A busca por desbloquear novas armas, skins e vantagens também se mostra frustrante, pois exige muito esforço sem oferecer recompensas realmente significativas.

No fim das contas, Painkiller entrega momentos de pura diversão, armas fantásticas e combates intensos, mas sua repetitividade, falta de conteúdo e pequenos problemas técnicos impedem que ele se destaque de forma consistente. Para mim, é um jogo divertido para sessões curtas, mas não algo que se torne memorável dentro do cenário FPS atual.

Nota
Geral
6.5
review-painkiller-ps5Painkiller oferece combates intensos, armas impressionantes e visuais cativantes, especialmente com o feedback tátil e os gatilhos adaptáveis do PS5. No entanto, a repetitividade, a falta de conteúdo relevante e pequenos problemas técnicos limitam a experiência. É divertido para jogar em sessões curtas, mas não chega a se destacar de forma memorável no cenário atual de FPS.