Digimon Story: Time Stranger se destaca como um dos principais títulos da franquia e figura entre os JRPGs mais notáveis do ano. Com uma estrutura acessível e influências claras de clássicos do gênero, o jogo oferece uma experiência envolvente, combinando mecânicas profundas com uma narrativa cativante ambientada no Mundo Digital, onde a viagem no tempo desempenha um papel central.

Se você jogou outros títulos de Digimon e sua sequência, Time Stranger deve parecer relativamente familiar, já que segue uma fórmula semelhante. No entanto, a pergunta que fica é: o jogo merece sua atenção em meio a tantos lançamentos previstos para 2025? Vale a pena investir tempo em Digimon Story: Time Stranger, a nova aposta da Bandai Namco? Nesta análise, apresentamos um panorama da nova aventura no universo Digimon, destacando seus pontos fortes e aspectos que podem gerar dúvidas, tudo isso sem spoilers.

Mundo Digital em conflito

No título, assumimos o papel de um agente da ADAMAS, uma organização encarregada de investigar fenômenos misteriosos. Durante as missões em Shinjuku(Tóquio), surgem os digimon e o protagonista passa a contar com um parceiro digimon para enfrentá-los.
Após os primeiros acontecimentos, o personagem retorna ao passado, oito anos antes, e embarca em uma jornada ao lado de Inori e Aegiomon. A aventura revela um conflito de grandes proporções no Mundo Digital, que ameaça tanto os digimon quanto a realidade humana.

A narrativa é um dos grandes destaques , surpreendendo com reviravoltas que alteram a compreensão dos acontecimentos. A história aprofunda as relações entre humanos e digimon, abordando temas de convivência e introduzindo os Olympos XII, além de expandir o universo da franquia com novos elementos. É positivo que o jogo conte com tradução para o português do Brasil, o que facilita a compreensão da trama. No entanto, a localização apresenta erros frequentes e falhas de formatação, como textos que extrapolam a tela.

Sistema de jogo

O sistema de Digimon Story: Time Stranger mantém a estrutura clássica dos RPGs por turno da série Digimon Story. Durante os combates, é possível coletar dados dos digimon enfrentados, que se transformam em novos aliados ao atingir uma taxa mínima de 100%. Com mais de 450 criaturas disponíveis, montamos equipes variadas ao longo da jornada. Um dos diferenciais da franquia está na evolução dos digimon, que permite seguir diferentes caminhos conforme os requisitos forem atendidos. Também é possível reverter uma evolução, abrindo espaço para novas possibilidades com árvores evolutivas complexas, permitindo combinações inesperadas.

Um dos aspectos positivos é que todos os digimon ganham experiência, mesmo fora da equipe ativa, o que facilita o desenvolvimento de novos aliados. A clássica Digifazenda retorna como ferramenta útil para treinar os monstrinhos, aumentando atributos ou modificando suas personalidades que influenciam estatísticas e habilidades passivas. Apesar da praticidade, o sistema tem falhas, como a necessidade de sair da fazenda para visualizar as possíveis evoluções, o que torna o processo menos fluido e mais trabalhoso.

Sistema de batalha e evolução

Além do treinamento e das digivoluções, é possível usar equipamentos para melhorar atributos dos digimon. Uma adição interessante é a inclusão de habilidades secundárias, que ampliam as estratégias de combate ao permitir lidar com diferentes fraquezas, usar efeitos de cura ou aplicar buffs e debuffs. O jogo oferece uma boa variedade de recursos para montar times versáteis.

As batalhas permitem o uso de três digimon ativos e outros três em reserva, que podem ser trocados livremente durante o combate. Em certos momentos, aliados extras se juntam temporariamente, mas, com exceção de Aegiomon, esses convidados agem de forma automática e não podem ser controlados diretamente.

Antes de iniciar uma luta, é possível atacar o inimigo no mapa com um golpe prévio, escolhido entre os disponíveis na equipe. Durante os confrontos, o jogador pode optar por ataques simples, habilidades que consomem Pontos de Habilidade, defesa ou troca de membros. Também é possível analisar o oponente, usar um item e ainda realizar uma ação ofensiva no mesmo turno, oferecendo bastante liberdade estratégica.

Chefes desafiadores e inimigos comuns

Para enfrentar os inimigos com mais eficiência, é essencial considerar suas fraquezas em termos de categoria (vacina, dados ou vírus) e elemento. Essas categorias seguem uma lógica de vantagem mútua, que influencia o dano causado, podendo dobrar ou reduzir o impacto dos ataques. Escolher aliados compatíveis e usar habilidades que exploram essas vulnerabilidades pode facilitar bastante as batalhas.

Durante os combates, também é possível usar as Artes X: técnicas especiais que se tornam disponíveis ao acumular energia por meio dos ataques. Aproveitar as fraquezas dos adversários acelera esse processo. Essas artes podem oferecer efeitos como buffs, debuffs ou um golpe poderoso, mas é necessário escolher previamente qual será equipada após seu desbloqueio.

Além dos inimigos comuns, observamos chefes mais desafiadores, com grande resistência e ataques especiais. Quando preparam esses golpes, é possível interrompê-los ao atingir pontos específicos, o que os deixa expostos até o próximo turno. Caso isso não seja possível, a melhor estratégia costuma ser defender, já que esses ataques causam alto dano.

No geral, o sistema de batalhas por turno é dinâmico e oferece boas opções. É possível acelerar o ritmo dos combates em até cinco vezes, usar comandos automáticos e, em certos casos, derrotar inimigos com ataques antecipados antes mesmo do confronto direto. O jogo oferece três níveis de dificuldade desde o início, com mais dois sendo desbloqueados no Novo Jogo+, trazendo desafios ainda maiores.

Explorando o Digimundo

Uma das grandes novidades em relação ao seu antecessor é a possibilidade de explorar o Digimundo, que apresenta diversas áreas com temáticas distintas, como florestas, ambientes submarinos e fábricas. A direção de arte contribui para criar um mundo vibrante, cheio de detalhes e condições que refletem os conflitos da história.

Para navegar por esses locais, utilizamos digimontarias, disponíveis em boa variedade, embora nem todos os aliados possam ser usados para isso. Em certas partes, avançar exige a ajuda de digimon específicos da região, como Palmon ou Submarimon, para acessar áreas que seriam inacessíveis de outra forma.

Evoluções mais poderosas

Ao longo da história, acessamos diversas missões secundárias que ajudam a aprofundar o conhecimento sobre os personagens e oferecem recompensas, especialmente pontos de anomalia. Esses pontos são essenciais para desbloquear habilidades de agente e avançar na patente. Digimon Story: Time Stranger adota o sistema de patentes para controlar o acesso a evoluções mais poderosas, como Campeão, Supremo, Extremo e Híbrido. Isso faz com que o avanço na narrativa e a realização de missões opcionais sejam fundamentais para o desenvolvimento do personagem.

Os agentes dividem as habilidades em uma categoria principal (Elo da Lealdade) e em quatro outras, que se relacionam aos diferentes perfis de personalidade dos digimon. Aplicamos os bônus em atributos e as vantagens no treinamento e nas batalhas apenas aos digimon que correspondem ao eixo escolhido, podendo focar em uma área específica ou distribuir os benefícios de forma equilibrada.

Da mesma forma, o título também inclui um minigame de cartas, onde o jogador compete contra NPCs e pode expandir seu baralho. Como as cartas são sorteadas aleatoriamente, o elemento estratégico fica limitado, dependendo bastante da sorte. No aspecto sonoro, há opção de áudio em japonês ou inglês, com dublagens bem executadas em ambas as línguas.

Performance limitada no PS5

A versão de Digimon Story: Time Stranger para PlayStation 5 entrega um desempenho consistente, rodando em 4K nativo a 30 quadros por segundo, porém sem opção para 60fps, o que pode desapontar quem busca maior fluidez. Também não conta com suporte a HDR, limitando a riqueza de cores e contraste. Apesar disso, a estabilidade dos 30fps é boa, com poucas quedas durante o gameplay. A falta de ajustes gráficos na versão do PS5 restringe as personalizações visuais, deixando o jogo nas configurações padrão. Em resumo, embora ofereça uma experiência visual agradável, poderia melhorar com mais opções gráficas e uma taxa de quadros maior para atender melhor às expectativas atuais.

Vale a pena jogar Digimon Story: Time Stranger?

Digimon Story: Time Stranger entrega uma narrativa envolvente que aprofunda a mitologia da franquia, cativando tanto fãs antigos quanto novos jogadores. A liberdade para montar e desenvolver equipes é um dos pontos fortes, graças aos sistemas de digivolução, treinamento e personalização de habilidades, que garantem variedade e estratégia. O combate por turnos é acessível, mas oferece nuances táticas interessantes, enquanto os ambientes ricos e detalhados incentivam a exploração constante.

Além disso, as missões secundárias também ganham destaque, pois contribuem para o progresso do personagem e adicionam valor à experiência. No entanto, a tradução para o português apresenta falhas que podem prejudicar a imersão, e a falta de informações claras sobre as digivoluções na Digifazenda torna o treinamento mais complexo do que o necessário. Mesmo com essas limitações, Time Stranger se mostra um JRPG sólido e recompensador para quem busca uma aventura profunda no universo Digimon.

Nota
Geral
8.0
review-digimon-story-time-stranger-ps5Digimon Story: Time Stranger traz uma narrativa cativante e aprofundada, atraindo fãs novos e antigos. Com sistemas robustos de digivolução, treinamento e personalização, o jogo permite a criação de equipes estratégicas. O combate por turnos é simples, mas com desafios táticos, enquanto os ambientes ricos e missões secundárias ampliam a imersão. Apesar de problemas na tradução para o português e na clareza do sistema de treinamento, o título se destaca como um JRPG sólido e envolvente no universo Digimon.