AVISO: CONTÉM SPOILERS!!!

O ar estava carregado de uma expectativa quase palpável quando tivemos o anúncio de Death Stranding 2: On the Beach. Não foi apenas a revelação de um novo jogo; foi o chamado de volta a um universo que, desde a primeira vez, me agarrou e me transformou. O predecessor não era só entretenimento — era uma filosofia em forma de pixels, uma obra de arte que ousava desafiar as fronteiras do que um videogame pode ser. O retorno a esse mundo fraturado, mas estranhamente belo, prometia mais do que uma simples sequência — era um reencontro com uma visão, uma jornada que eu sabia que seria, mais uma vez, profundamente pessoal.

Death Stranding 2: On the Beach se apresenta como uma continuação ambiciosa e ainda mais emocional da mente singular de Hideo Kojima. Não se trata apenas de novas entregas ou de um mapa maior, mas de uma promessa: a de uma odisseia intensa e transformadora. A história retoma onze meses após os eventos do primeiro jogo, quando a América, agora unificada pela rede, começa a dar sinais de nova instabilidade. Sam Porter Bridges, agora acompanhado por novos e antigos aliados, embarca em uma missão que vai além das fronteiras das Cidades Unidas da América (UCA), em uma tentativa desesperada de impedir uma nova extinção.

Na essência, Death Stranding 2 continua sendo uma aventura de ação (agora com muito mais ação) em mundo aberto, em terceira pessoa, onde assumimos o papel de um portador encarregado de entregar cargas vitais por um mundo pós-apocalíptico. Superamos inimigos — humanos e não humanos —, exploramos paisagens vastas a pé ou com veículos, e mergulhamos em uma narrativa de ficção científica tão complexa quanto genial.

A alma do jogo — a ideia de “conectar” — permanece intacta, mas agora em escala transcontinental. As paisagens, perigosas e deslumbrantes, se estendem por novos territórios como Austrália e México. A expansão para além das UCA não é só geográfica: é também temática. Os dilemas da conexão, que antes pareciam regionais, agora tomam proporções globais e existenciais.

A questão que paira sobre toda a experiência — “Deveríamos ter nos conectado?” — traz uma reflexão mais sombria sobre as consequências da própria interligação. Kojima não só amplia o universo, mas também questiona os pilares do jogo original, preparando o terreno para uma carga emocional ainda mais pesada.

Uma História Que Me Despedaçou

Desde os primeiros momentos, a narrativa de Death Stranding 2 me agarrou de forma avassaladora — como poucos jogos conseguiram. A promessa de uma “história profunda e cativante” não só foi cumprida, como me levou a um turbilhão emocional difícil de explicar. O final… ah, o final. Fiquei mais de uma hora chorando, processando tudo o que tinha vivido. Não é exagero. A conclusão me destruiu de um jeito que se tornou parte indelével da experiência.

A trama começa pouco depois da unificação da UCA. Com a BRIDGES agora extinta e os serviços de entrega sendo automatizados por robôs APAS, os portadores humanos, como Sam, se veem obsoletos. Mas tudo muda com o surgimento de portais transcontinentais — túneis que conectam locais distantes como México e Austrália — e com o retorno de Higgs, agora liderando um exército de robôs mecânicos. Sua presença impõe um novo perigo global e força Sam a voltar à estrada.

O destino de Lou, a ex-BB (Bridge Baby), é um dos núcleos mais dolorosos e marcantes da história. A história toca fundo nos temas de luto, de laços criados fora do sangue, e de tudo aquilo que perdemos pelo caminho. A narrativa eleva ainda mais os temas de perda e conexão, que já estavam presentes no primeiro jogo.

O envelhecimento de Lou, a automatização que torna os portadores descartáveis, e a tragédia silenciosa de Dollman ampliam a sensação de fragilidade diante de um mundo em constante colapso. Dollman, por sinal, é um dos grandes destaques do elenco: com sua alma aprisionada dentro de uma marionete, ele acompanha Sam pendurado na mochila, soltando comentários irônicos e servindo de alívio cômico. Mais do que isso, ele é útil em campo — pode ser lançado para observar rotas, detectar inimigos e analisar o terreno. Apesar de algumas falhas mecânicas, sua presença dá ao jogo uma personalidade que equilibra bem o peso da trama.

E é com a introdução da nave DHV Magalhães e a organização Drawbridge que a história ganha novos pilares narrativos. Sob o comando de Tarman, ex-médico e geólogo, a Magalhães percorre os mares de alcatrão guiada por um propósito pessoal devastador: encontrar o filho que foi tragado por EPs durante uma expedição. Tarman perdeu a mão no processo e, mesmo assim, sente a dor fantasma do que ficou — tanto física quanto emocionalmente. A maneira como ele guia a nave, e as decisões que toma, carregam esse peso. A ligação dele com o mar de alcatrão e com os Mamíferos Quirais adiciona um mistério novo ao universo do jogo, com uma carga emocional tão densa quanto a do próprio Sam.

Ao lado deles está Rainy, uma das personagens mais únicas do jogo. Grávida há sete meses devido à Síndrome do Natimorto, Rainy possui DOOMs que funcionam como bênção e maldição. Por isso, foi caçada e excluída até por sua própria família. Sua história me destruiu. Prestes a tirar a própria vida, foi resgatada por Fragile e convidada a fazer parte da Drawbridge. A forma como ela lida com sua condição e com o alcatrão que escorre de seu corpo é de uma força absurda — e, ao mesmo tempo, de uma fragilidade tocante.

Outro nome que me intrigou foi Charlie, o misterioso patrono da Drawbridge, que se comunica com Sam através do busto de um manequim surrado. Suas ordens lembram o papel de Die-Hardman no primeiro jogo, mas sua agenda permanece envolta em mistério. Já o Presidente da APAC, com a marca em brasa na nuca, surge como figura de autoridade fria e metódica. Ele não representa a UCA, mas foi o responsável pela iniciativa de conectar México e Austrália, com um discurso mais técnico do que humano. Sua presença inquieta, e seu fervor quase religioso pelo trabalho, levantam questões éticas e filosóficas importantes ao longo da trama.

Por fim, há Tomorrow, um dos grandes mistérios de Death Stranding 2. Encontrada em um casulo envolto por alcatrão, após o confronto com Neil, Tomorrow vem de outro plano — um Nirvana. Ela não possui lembranças, não pertence a este mundo, e ainda assim carrega um poder que envelhece tudo o que toca. Fragile a batiza como “Tomorrow” por acreditar que ela representa algo além da vida e da morte. A presença dela me deixou o tempo todo em dúvida: esperança… ou presságio?

A narrativa de Death Stranding 2 não se limita a expandir o mapa — ela amplia o sofrimento, a resiliência e o sentido de humanidade. A dor de Sam por Lou, a jornada de Dollman, o luto silencioso de Tarman, o peso que Rainy carrega, e o mistério por trás de Charlie, Tomorrow e do Presidente da APAC compõem uma rede emocional complexa. Cada nova figura introduzida parece ecoar a pergunta central do jogo: Conectar vale a pena? A intensidade emocional que o jogo entrega é, para os fãs, a verdadeira essência da experiência.

O Ritmo da Estrada: Uma Dança Evoluída de Entregas

A essência de Death Stranding — a travessia meticulosa por terrenos implacáveis e o gerenciamento estratégico de carga — continua sendo o coração da sequência. Mas agora, com melhorias significativas e uma visão ampliada. Ainda sou desafiado a entregar pacotes essenciais, equilibrar peso, escalar montanhas e cruzar vales de tirar o fôlego. Mas tudo isso está mais refinado, ágil e recompensador.

A mudança mais perceptível está no combate. Enquanto no primeiro jogo eu costumava evitar confrontos, aqui me senti mais encorajado a enfrentá-los. Há mais ação, mais ferramentas, e uma variedade impressionante de abordagens. Posso optar por combate direto, furtividade ou até evitar o conflito, se quiser. O combate corpo a corpo foi expandido com novas habilidades — incluindo uma espada e até… uma guitarra. Sim, uma guitarra. Com ela, é possível realizar ataques únicos e até chutes aéreos, adicionando um dinamismo que não existia antes. Armas como as Electric Rods, antes exclusivas dos MULEs, agora estão disponíveis para Sam, oferecendo novas possibilidades táticas.

A travessia, marca registrada da série, também passou por mudanças profundas. O clássico Trike do primeiro jogo foi substituído pelo Tri-Cruiser — um veículo muito mais prático, com assento exposto que permite coletar materiais sem parar. Isso acelerou minhas entregas e trouxe fluidez para as rotas mais longas.

Mas o verdadeiro divisor de águas está nos monotrilhos. Agora é possível construir linhas para conectar instalações importantes, principalmente em regiões com minas profundas, usadas para transportar cargas que veículos comuns não suportam. Combinado aos veículos e aos sistemas aprimorados de previsão de tempo, viajar pelo mundo se torna menos cansativo e mais estratégico.

Outras melhorias de qualidade de vida incluem escadas que podem ser conectadas para dobrar o alcance, dispositivos automatizados para subir e descer cordas, e ziplines mais flexíveis, capazes de fazer leves curvas — algo que facilita demais a navegação por terrenos montanhosos.

O primeiro Death Stranding foi muitas vezes chamado de “simulador de caminhada”. Uma crítica que, apesar de superficial, refletia a ênfase na travessia. Em DS2, a Kojima Productions responde com novas ferramentas, sistemas otimizados e liberdade de escolha. A fricção do jogo original foi transformada em fluidez. A experiência agora é mais acessível, sem perder a identidade — e aprofunda a agência do jogador a cada decisão. O desafio não está mais apenas no terreno, mas em como escolhemos atravessá-lo e enfrentá-lo.

Um Mundo Que Luta Contra Você

O mundo de Death Stranding 2 é uma entidade viva, imprevisível e implacável — agora muito mais responsivo e repleto de desafios ambientais intensificados. As variações climáticas, os padrões de chuva e a degradação do terreno não são apenas efeitos visuais: eles impactam diretamente minhas rotas e decisões, forçando uma adaptação constante. Senti a fúria da natureza na pele — e cada fenômeno climático é tratado como uma mecânica de gameplay por si só.

Terremotos Tunelares

Essas convulsões sísmicas causam derramamento de carga, incêndios em florestas e risco de deslizamentos induzidos por liquefação. A movimentação se torna extremamente perigosa e imprevisível — e, em certas regiões, é praticamente impossível se manter estável por muito tempo.

Tempestades de Areia

Quando surgem, a visibilidade é drasticamente reduzida. O vento forte ameaça meu equilíbrio e pode derrubar Sam e sua preciosa carga. É um momento de total vulnerabilidade. Às vezes precisei buscar abrigo imediatamente; outras, tentei usar o vento a meu favor, mesmo em meio ao caos.

Inundações

Elas transformam antigos rios secos em torrentes violentas, destruindo pontes — inclusive as construídas por mim ou por outros portadores — e forçando o replanejamento completo de rotas. Apesar de ser uma adição interessante, senti que as inundações ainda poderiam ser melhor aproveitadas, especialmente em termos de impacto a longo prazo na geografia.

Raios

Embora não totalmente detalhado, o novo sistema de clima dinâmico incorpora raios como elemento atmosférico tenso e inesperado. Eles ajudam a reforçar a sensação de que nada está sob controle, e que a qualquer momento tudo pode virar contra você.

Chuva Temporal

O fenômeno familiar agora aparece com um impacto visual e técnico muito mais impressionante. Tudo o que ela toca envelhece — carga, equipamentos e até o próprio terreno. Um detalhe fascinante: ao entrar em áreas afetadas por chuva temporal, é possível ver a vegetação nascer, florescer e morrer em segundos. Em zonas de falha elétrica ou presença de BTs, a grama cresce, floresce, murcha e desaparece num ciclo de vida e decadência acelerado. Isso não é só deslumbrante — afeta diretamente a integridade da carga, exigindo uso constante do Spray de Reparo ou busca por coberturas.

Além dos perigos naturais, Death Stranding 2 introduz novos inimigos que ampliam a tensão constante. Além dos já conhecidos MULEs e BTs, surgem soldados mecânicos enigmáticos e novas Entidades Póstumas ainda mais agressivas. Os Watchers, por exemplo, são versões mais velozes e resistentes que os antigos Gazers. Já os Mechs, agem de forma diferente diante de armas convencionais, o que exige abordagens táticas específicas.

Mas o que mais me abalou foi a nova EP que pode ver você. O simples fato de ser detectado por ela já é suficiente para gerar pânico. Os gritos que ela solta… são perturbadores. E isso muda completamente o ritmo do stealth, que agora exige planejamento ainda mais meticuloso e sangue frio.

Para lidar com tudo isso, entra em cena o sistema de Aprimoramentos APAS (Automated Porter Assistant System) — uma árvore de habilidades totalmente nova, que permite moldar meu estilo de jogo conforme a situação. Funciona como uma rede quiral de upgrades dinâmicos, que podem ser alocados e removidos livremente (desde que fora de combate), o que dá à gameplay uma flexibilidade tática sem precedentes.

  • Simple Noise Canceller: deixa Sam quase silencioso ao se mover, ideal para stealth;

  • Faster Scanner Recharging: reduz o cooldown do Odradek, facilitando escaneamentos constantes;

  • Improved MP Bullets: balas mais fortes e precisas;

  • Swift MULE Postbox Hacking: acelera o processo de hackear caixas MULE;

  • E até uma melhoria sutil, mas genial: o reabastecimento eficiente do cantil em rios ou na chuva, o que deixa a gestão de stamina mais natural.

Meu reconhecimento com o Dollman é total. Ele não é apenas um personagem de apoio — ele é uma mecânica viva de gameplay. Posso equipá-lo e lançá-lo para o alto para fazer reconhecimento aéreo, marcando inimigos, observando declives e ajudando na definição de rotas. É como um drone, só que mais sarcástico.

A introdução dos perigos ambientais e dos novos inimigos aumenta a complexidade da travessia e do combate. Mas o jogo nunca te deixa sem resposta. Com o sistema APAS e o suporte do Dollman, há sempre uma forma de se adaptar. Existe aqui uma dinâmica de causa e efeito poderosa: o mundo se torna mais hostil, mas Sam evolui junto com ele. E isso faz com que Death Stranding 2 não seja apenas mais difícil — ele se torna mais profundo, mais criativo, mais fluido.

A sobrevivência aqui não é mais só sobre evitar confrontos ou atravessar montanhas. É sobre inteligência, adaptação e improviso. A nova filosofia da gameplay gira em torno de liberdade e versatilidade, e a possibilidade de reconfigurar as habilidades de Sam conforme o momento é a chave para sobreviver em um mundo que, literalmente, quer te quebrar.

A Sinfonia dos Sentidos: Um Espetáculo Visual e Sonoro

Visualmente, Death Stranding 2 é surreal de tão lindo. O jogo eleva o padrão de realismo e detalhe nos videogames modernos a um nível que raramente vi — e olha que já joguei muita coisa. Cada rocha, cada filete de água, cada rajada de vento que serpenteia pelas encostas parece dolorosamente projetada para ecoar a realidade. A fidelidade visual é simplesmente absurda. A paleta de cores muda conforme o humor da cena, a iluminação é reativa e viva, e os ambientes parecem pulsar — como se estivessem respirando junto com você. Em muitos momentos, eu nem parecia estar jogando: eu estava lá, naquele mundo quebrado e magnífico.

A interação da Chuva Temporal com o ambiente é um espetáculo à parte. Ela corrói o solo, escurece superfícies, dissolve estruturas e transforma a vegetação diante dos seus olhos. Como mencionei antes, é possível ver a vida nascendo e morrendo em segundos — grama que brota, flores que desabrocham, tudo se desintegra quase imediatamente. É uma dança poética da natureza com o tempo, que reforça o tema central da efemeridade. Nada é permanente em Death Stranding 2 — nem as paisagens.

O motor gráfico Decima volta com tudo, mas aqui com melhorias que realmente fazem diferença. O novo sistema Nubis de renderização de nuvens, a simulação fluida de água e a deformação do terreno trazem uma fisicalidade palpável à jornada. As pegadas de Sam, por exemplo, permanecem visíveis por muito tempo em terrenos arenosos ou úmidos. E não é apenas detalhe técnico — é narrativa ambiental. Cada marca deixada no solo reforça o peso da travessia. Cada passo realmente importa.

E aí vem a trilha sonora. Meu Deus, a trilha sonora.

Ludvig Forssell, o gênio por trás da alma sonora do primeiro jogo, retorna aqui com ainda mais força. O resultado é uma paisagem sonora profundamente emocional e atmosférica, que não apenas acompanha, mas define o tom de cada momento. A música em Death Stranding 2 não é trilha — é personagem. Ela traduz angústia, esperança, solidão, catarse. Ela se encaixa com precisão cirúrgica a cada cena, cada passo, cada batalha. E quando o silêncio aparece, ele pesa mais do que qualquer orquestra.

E tem um momento que eu não posso deixar passar:
“Raindrops Keep Fallin’ on My Head.”
Sim. Aquela música.
Ela toca algumas vezes durante o jogo — e todas as vezes eu cantei junto, sorrindo feito um bobo. É inesperada, é leve, é humana. Em meio a tanto peso e tragédia, essa música me pegou pela mão e disse: “Respira.” Foi um respiro poético, bonito e necessário. Uma pequena dose de ternura em um mundo em ruínas. E isso… isso é Kojima em sua forma mais pura.

Um Adeus Que Permanece

Death Stranding 2: On the Beach não é apenas uma sequência; é uma declaração retumbante. A prova viva de que Hideo Kojima continua sendo um verdadeiro autor da indústria, alguém capaz de criar mundos como ninguém mais, e contar histórias que só ele teria a coragem — e a sensibilidade — de contar. Este jogo me deixou profundamente abalado e com uma estranha e imediata saudade, um vazio que só grandes obras conseguem deixar.

A jornada de Sam, as revelações sobre Lou, a complexidade de Dollman… tudo se entrelaça em uma tapeçaria emocional que ressoa muito depois dos créditos. Foram dias em que os ecos da história ainda me perseguiam, me fazendo pensar, lembrar, sentir.

Sim, há pequenas imperfeições — uma IA inimiga que às vezes falha, ou trechos que se repetem mais do que deveriam. Mas, sinceramente? Elas desaparecem diante da grandiosidade do que foi entregue.

Death Stranding 2 é um triunfo da narrativa e do design de jogos. Uma exploração crua e poética de temas como luto, conexão, legado e humanidade. É mais focado, mais ágil e ainda mais impactante que o primeiro — com ação mais refinada, ritmo mais envolvente e uma carga emocional que raramente vi ser alcançada em um jogo.

Foi uma experiência que me fez refletir, emocionar e até chorar em silêncio, com o controle nas mãos e o coração apertado. Porque sim, Death Stranding 2 faz você sentir. E isso não acontece por acaso: é o resultado de um projeto feito com alma, onde cada detalhe, cada frame, cada som carrega peso e intenção.

A evolução de Lou, a profundidade de Dollman, a trilha sonora que arrebata, os visuais que borram a linha entre o virtual e o real — tudo isso forma uma obra que transcende o rótulo de “jogo”. Kojima orquestra aqui algo grandioso, exagerado, melodramático, selvagem… e totalmente sincero.

É uma experiência que provavelmente ainda vou lembrar por muitos anos. Como tantas obras anteriores de Kojima, esta também gravou seu nome na minha memória — e no meu peito. E não apenas superou todas as expectativas; se solidificou como uma obra-prima.

O impacto emocional não é acidente — é design. Desde a travessia que carrega o peso simbólico da conexão até os visuais que escancaram a decadência do mundo, tudo em Death Stranding 2 existe para provocar catarse. E quando a jornada acaba, não é apenas o fim de uma história. É o auge de uma experiência que deixa cicatriz, e que vai permanecer.

Um adeus que, honestamente, não quero que desapareça. Uma obra que, daqui a décadas, ainda merecerá ser estudada, lembrada — e sentida.

Nota
Geral
10
review-death-stranding-2-on-the-beach-ps5Death Stranding 2: On the Beach é aquela rara viagem que termina, mas segue batendo dentro da gente. Mesmo com pequenos tropeços, o peso da história, a beleza absurda do mundo e o arrojo de Kojima fazem desta sequência um dos jogos mais ousados e emocionalmente poderosos da geração. Se o primeiro título já era singular, aqui ele se torna essencial.