Os jogos de luta foram um dos primeiros contatos que tive com esse mundo dos vídeo games, do clássico Street Fighter 2, passando por Killer Instinct e chegando até minha franquia favorita desse estilo, Mortal Kombat.

No caminho entre a destruição gratuita de um carro, um ultra combo e alguns desmembramentos, foi com os Reis da Luta que pude ver como havia uma outra saga de jogos que merecia minha atenção, os inúmeros especiais e personagens com diferentes personalidades, davam para as lutas um tom a mais e a diversão era garantida, exceto quando o Rugal não nos deixava respirar entre um combo e outro.

E com o tempo fiquei jogando apenas a franquia criada por Ed Boon e John Tobias, e esqueci esse mundo mais divertido e leve que uma pancadaria franca pode proporcionar, e com Breakers Collection podemos apreciar um bom jogo de luta nos moldes dos grandes clássicos.

Seguindo os moldes clássicos

A coletânea possui dois jogos clássicos, Breakers de 1996 e sua sequência intitulada Breakers Revenge de 1998, esse último com mais personagens jogáveis e um certa melhoria gráfica.

Confesso que não conhecia esses títulos, e pesquisando descobri que ele é uma espécie de clássico cult dos games, passando apenas por aqueles que amam e vão afundo na pesquisa dos jogos de luta, e se interessam por descobrir peças raras como essa, o jogo original estava presente no console NEO GEO AES e para os Arcades, então não me espanta ser algo especifico.

É como se ele fosse uma versão para iniciar os veteranos que querem um dia realizar os grandes combos em The King of Fighters, digo isso não com o intuito de mostrar que um é melhor que o outro, mas Breakers é um jogo de luta tão bom como qualquer outro, talvez não seja necessário afirmar que ele não possui as mecânicas mais atuais, mas deixo aqui mesmo assim a citação.

Nada como finalizar com um especial

E quando começamos de fato o gameplay, os controles são fáceis de descobrir, são os famosos comandos como meia lua para frente + soco fraco/forte, ou “shoryuken” para frente + chute fraco/forte, é quase que automático fazer esse tipo de comando, ou iniciar com voadora, golpes que todo jogador sabe que é o básico do básico.

Em Breakers tudo vai funcionar como a melhor das fusões entre Street Fighter e KOF, os golpes são velozes e os combos precisos, por mais que seja difícil concluir um combo com uma magia, mas quando se acerta é lindo de se ver.

Há também a possibilidade de deixar o oponente tonto caso muitos golpes o acertem, só não entendi como alguns adversários conseguem escapar do atordoamento com uma certa velocidade, impossibilitando a expansão do dano que seria causado.

Além de outras apelações que os inimigos fazem que causam aquela sensação de “como pode isso ter acontecido”? As vezes estamos no meio de um combo, o personagem recebendo os acertos e ele simplesmente pode lançar um especial para escapar, o que deveria ser possível se os golpes fossem dados diretamente na defesa do inimigo.

É necessário ter habilidade ou paciência.

Isso quando eles dão agarres de uma distância absurda, nosso boneco simplesmente desliza para frente e toma o dano, aqui a máquina possui a boa e velha habilidade de avinhar o que você vai fazer, se o golpe é médio, eles abaixam e desferem um golpe para tirar seu ataque, e se o golpe é baixo eles pulam na hora exata e começam um combo vindo de cima, não caracterizo isso como algo mal feito do jogo, mas é impressionante o nível de dificuldade que isso cria, a pressão que se deve fazer nas lutas é essencial para poder vencer.

Isso que o jogo dispõe com três modos de dificuldade, fácil, normal e difícil, todos com 3 níveis, como por exemplo fácil 1, 2 e 3. Mesmo na menor dificuldade, conforme vamos derrotando os oponentes, os últimos darão um certo trabalho, com golpes certeiros e combos fulminantes.

Os controles respondem bem e as lutas são equilibradas quando você consegue aprender pelos menos os especiais de cada personagem, para que seja administrado os golpes normais e finalizar com os ataques mais fortes, o problema é que como mencionado, o oponente pode pular e fazer o especial ser desperdiçado e isso a máquina faz com uma facilidade que só o maior profissional de Breakers poderia fazer.

É possível jogar com diferentes tamanhos de telas, uma menor em que os lutadores irão enfeitar as bordas, dando um tom parecido com a laterais de um Arcade, uma um pouco maior e a tela completa, além de filtros que podem ser implementados, um deles emula os televisores de tubo.

Bai-Hu pode ficar imune aos danos e tem combos absurdos.

Comecei o jogo pelo clássico de 96, apesar de sua sequência ter mais lutadores e ser mais fluido, quis experimentar ambos, de fato as mudanças entre um e outro são poucas, então recomendo ir de cara no Revenge, esse possui até mesmo a opção de jogar com Bai-Hu o último chefe do jogo, que facilita e muito as lutas, pois ele possui as melhores sequências do jogo.

Os personagens são versões que não vão soar originais para os mais velhos, isso porque quem não teve contato anteriormente com o game, vai encontrar semelhanças com outro protagonistas dos jogos de luta até porque a inspiração em Street Fighter não é surpresa para quem colocar os olhos em Breakers.

Sho é um dos mais fortes personagens, podendo desferir golpes de longo alcance e combos quando necessário se aproximar, Dao-Long é um mestre de Kung-Fu que pode ser rápido e desferir magia com formato de dragão, um dos meus personagens favoritos, Alson III que possui combos com seus braços e pernas longos e ainda desfere golpes aéreos.

Seria Alsion um parente distante de Dhalsim?

As animações dos golpes, magias e especiais possuem muito charme, em destaque para um dos personagens mais apelões do jogo, Tia, ela é uma espécie de lutadora no melhor estilo Leona fundida com Ryu, possui velocidade e golpes que podem ser facilmente convertidos em especiais, esses que vão desferir ainda mais hits no oponente.

Há a possibilidade de jogar com o que melhor se encaixar com seu estilo de luta, um controle de distância com Pielle o espadachim ou uma boa pressão com Maherl e seu gênio de fogo (sim é um gênio de fogo).

O jogo possui o clássico modo arcade, onde iremos enfrentar os personagens e no fim o chefe secreto, há também o modo em que escolhemos um trio de lutadores e vamos enfrentando as outras equipes, esse é um pouco mais fácil, pois temos três personagens para usar, mas conforme as lutas vão passando, a energia do atual lutador não se regenera, dessa forma precisamos evitar o máximo os danos o mais sábio é deixar seu salva ficha por último.

Algo que alegra é ter a possibilidade de jogar online, caso tenha um amigo com o mesmo jogo ou tentando a sorte com players ao redor do mundo, os servidores terão certo tempo para receber diversas partidas, creio eu.

A Tia é muito apelona!

Apesar de ter seus pontos que irão frustrar certos jogadores, Breakers conta com muitos detalhes que os mais recentes jogos têm, combos bem trabalhados, boas animações e uma arte linda, personagens elegantes e que despertam nosso interesse, o sistema de punição para quando um personagem termina um combo e podemos pegar nosso turno sem que ele possa defender, pois há uma janela de recuperação.

É um excelente jogo, divertido e desafiador, percebi que ele possui uma história que daria uma boa história em quadrinhos, mesmo que a narrativa de jogos de lutas não seja tão falada.

Algo que senti falta foram mais coisas que diferenciasse os clássicos dessa coletânea, como novos personagens  mesmo, uma nova fase ou até mesmo novos chefes, seria um presente e um chamativo a mais para novos jogadores.

Poderiam ter colocado minigames no meio de cada fase, como quebrar os carros de SF ou o teste de poder no MK, por mais simples que fosse.

Mas de qualquer forma, Breakers vai prender você em por alguns minutos na frente da tela, seja para aprender combos mais avançados, criando campeonatos com seus amigos e nesse caminho, tomar uma surra de Bai-Hu.

Me lembrou o Rei Vegeta…

Em um ano de possível anúncio do novo Mortal Kombat e lançamento de Street Fighter 6, voltar no tempo e ver as raízes dos jogos de luta é muito gratificante, lembrar de quando esses eram completos, sem essa de pacote de personagem.

O game vem para conquistar uma nova geração, revivendo um grande nome dos arcades, agora para os consoles de mesa, uma obra de 1996 que ainda possui sua identidade, não atoa até mesmo versões de colecionador foram disponibilizadas, um item que vai fazer qualquer um que tenha apreço por itens raros ficar com os olhos brilhando.

Esta análise foi feita com base em um cópia cedida pela QUByte Interactive, agradecemos pela confiança em nossa equipe.

Nota
Geral
8.0
review-breakers-collectionBreakers possui a elegância de um clássico dos anos 90, Breakers Collection vai fazer você querer chegar até o fim das fases, descobrir os golpes secretos de cada personagem (não vale olhar no guia de golpes) e tentar as mais belas finalizações, Bai-Hu aguarda ansioso por novos desafiantes.