Como um grande fã da Arkane Studios e suas experiências singleplayer elogiadas por público e crítica, como Dishonored, Prey ou Deathloop, fiquei curioso quando ouvi pela primeira vez sobre o novo shooter do estúdio: Redfall.

Embora um jogo de tiro cooperativo seja uma mudança radical da fórmula que a Arkane Studios tem trabalhado há anos, fiquei empolgado com a ideia de jogar em um mundo aberto criado pela mente criativa por trás de alguns dos meus jogos favoritos.

Ao jogar Redfall, fiquei feliz em ver que ainda existem elementos da fórmula Arkane no jogo. Os jogadores podem explorar livremente o mundo aberto e escolher a melhor forma de abordar uma situação, como eliminar um alvo ou completar uma missão. As ferramentas à disposição do jogador, bem como sua estratégia, são vitais para o sucesso no jogo.

O jogo oferece uma experiência de tiro em primeira pessoa suave e satisfatória, mas também tem uma variedade de elementos de RPG. Cada personagem tem habilidades únicas, que podem ser aprimoradas com pontos de experiência. Além disso, o jogo também tem uma variedade de armas, atualizações e habilidades que podem ser coletadas durante a exploração do mundo aberto. Os jogadores também precisam gerenciar seu inventário e escolher sabiamente quais equipamentos levar consigo.

Mesmo que, Redfall seja um jogo cooperativo, os jogadores podem escolher jogar sozinhos ou com amigos. O jogo incentiva os jogadores a experimentar a campanha sozinhos antes de convidar amigos para jogar junto. No entanto, também há um modo multiplayer cooperativo completo, onde os jogadores podem trabalhar juntos para completar missões e enfrentar inimigos.

Embora seja uma saída significativa da fórmula que a Arkane Studios se acostumou, ainda é um jogo de tiro em primeira pessoa altamente imersivo e cheio de opções. A ambientação em um mundo aberto oferece muitas possibilidades e o sistema de habilidades e armas fornece uma sensação de progressão satisfatória.

Durante as minhas horas com Redfall, notei uma estrutura narrativa familiar que se assemelha a outros jogos da Arkane Studios. Cada tenente controla uma facção diferente e o jogador deve completar uma série de missões para desbloquear o confronto final com o vilão vampiro que governa a ilha. Sim, isso também é muito parecido com o que a Ubisoft vem fazendo em seus novos jogos de mundo aberto, tentando manter o jogador com mais liberdade de escolha de como lidar com cada ameaça. Isso de fato é bom. Mas ao mesmo tempo, pode se tornar repetitivo demais. E infelizmente Redfall tem inúmeras missões que apesar de poder fazê-las da maneira que você desejar, ainda assim, pode se tornar um pouco maçante. E é aí onde o modo cooperativo pode se sobressair.

Essa abordagem se assemelha as grandes ameaças presentes em Dishonored ou aos alvos de assassinato em Deathloop, onde a meta final é derrotar um vilão importante. Embora essa fórmula possa parecer repetitiva, a Arkane Studios conseguiu adicionar novas camadas e reviravoltas à história em Redfall, tornando-a cativante e envolvente.

Para evitar spoilers, não irei entrar a fundo na história, mas tenha em mente de que ao iniciar o jogo, você irá ser apresentado a Redfall, uma cidade americana litorânea fictícia que aconteceu uma “epidemia” de vampiro(?). Ao conseguir completar sua primeira missão, logo de cara você é convidado para se tornar um dos integrantes de um grupo de pessoas que estão tentando retomar a pequena Redfall desse surto vampiresco, você começa a descobrir algumas pistas para entender tudo que está acontecendo. O motivo é simples: milionários tentando ser imortais. Após alguns experimentos, algumas pessoas poderosas de Redfall conseguiram se tornar vampiros, e isso desencadeou no declínio de Redfall como sociedade.

O jogo conta com vários momentos engraçados camuflados de várias críticas sociais que fazem paralelo com ambição e poder aquisitivo de pessoas importantes dentro de uma sociedade doente.

Ao chegar na cidade de Redfall, encontrei ruas relativamente vazias. Os moradores locais provavelmente haviam fugido, mas ainda havia patrulhas inimigas, vampiros e perigos ambientais, como latas de gasolina e baterias de carros, espalhados pela cidade. Aproveitar esses elementos é essencial para lidar com grupos maiores de inimigos, já que a munição é limitada e os vampiros tendem a ignorar as balas. E por falar neles, o combate muda um pouco. Eles são velozes, conseguem voar e balas tradicionais apenas irão deixá-los atordoados. Para executar um vampiro, você precisa meter uma estaca em seu coração, queimá-lo, ou petrificar com ajuda de luzes UV. Esse último, por exemplo, é um dos momentos bons que Redfall nos proporcionam, como quando precisei me esgueirar para ligar algumas luzes ultravioleta convenientemente posicionadas e afastar os vampiros.

Ao longo de sua jornada é possível ver durante o combate diferentes tipos de dano, como luz ultravioleta, fogo e eletricidade, cada um oferecendo debuffs e contra-ataques específicos para cada tipo de inimigo. A luz ultravioleta é ótima contra vampiros, mas não é eficaz contra os cultistas humanos que estão trabalhando com eles.

Esses cultistas estão armados com revólveres e granadas, patrulham em grupos e alertam outros sobre a presença de inimigos. Enfrentar esses caras não é um problema, a menos que eles estejam procurando pelos seus chefes(ou seja, os vampiros) que comandam tudo em Redfall.

Os vampiros sempre me intrigaram, não apenas por sua suposta imortalidade e habilidades sobrenaturais, mas também por sua aparência misteriosa e sedutora. Deve ser por esse motivo que eu não conseguia evitar de enfrentá-los sempre que me deparava com algum em Redfall. No entanto, não se engane, enfrentar vários vampiros ao mesmo tempo é uma tarefa arriscada e pode ser fatal se não houver um plano de contingência.

É necessário estar preparado para qualquer situação, usar táticas criativas e aproveitar ao máximo as armas disponíveis. Em Redfall, a variedade de vampiros é surpreendente. Alguns são especialmente perigosos, pois podem drenar sua saúde constantemente enquanto reabastecem a própria. Já outros são capazes de limitar sua visão, o que dificulta a localização de outros vampiros na área.

Por sorte, o jogo oferece uma grande variedade de armas para ajudar na luta contra essas criaturas. Além das armas tradicionais, existem armas improvisadas, como a pistola sinalizadora que pode iniciar incêndios ou incendiar inimigos e o projetor UV que congela os vampiros. No entanto, meu favorito é o lançador de estacas. Esse monstro de cano triplo é capaz de disparar munições recuperadas de objetos ambientais, como tacos de sinuca ou guitarras e cravar todos eles no coração de um vampiro.

Em suma, lutar contra vampiros em Redfall é uma experiência emocionante e desafiadora, mas também uma oportunidade para testar habilidades táticas e estratégicas. Além disso, é impossível não se apaixonar pelas armas criativas e pelo ambiente misterioso e arrepiante do jogo.

Redfall oferece também várias opções de dificuldade, o que permite ao jogador escolher o nível que melhor se adapta às suas habilidades e interesses. No entanto, aumentar a dificuldade pode significar grupos inimigos mais fortes e diversos, o que pode tornar o jogo ainda mais desafiador e emocionante.

O mundo de Redfall é incrivelmente rico e detalhado, com romances literários espalhados por todo o mapa e objetos aleatórios para coletar. São muitas anotações e áudios espalhados por cada canto de Redfall, o que pode fazer com que o jogador se sinta com vontade de se aprofundar ainda mais nas histórias daquela cidade e em saber o que aconteceu com os cidadãos.

No entanto, nem todos os objetos são úteis e muitos acabam enchendo o inventário com itens inúteis. Felizmente, Redfall torna esse processo mais fácil, convertendo automaticamente os itens em comida ou dinheiro. Esse dinheiro é usado para comprar consumíveis em seus refúgios que você pode liberar no mapa e para realizar missões secundárias que oferecem recompensas em experiência e itens. Essas missões também oferecem uma oportunidade para explorar o mundo de Redfall e descobrir segredos e histórias fascinantes.

A Arkane é conhecida por seus jogos desafiadores e ricos em detalhes, e Redfall certamente não decepciona nesse aspecto. No entanto, nem tudo é perfeito, pois algumas mecânicas do jogo podem parecer um pouco repetitivas e cansativas depois de um tempo. Durante meu tempo jogando Redfall, percebi que as missões secundárias eram bastante previsíveis e repetitivas, oferecendo apenas pequenos objetivos a serem concluídos perto de esconderijos específicos.

Limpar uma casa ou defender um ponto no mapa eram algumas das tarefas que se repetiam com frequência. No entanto, uma das distrações mais interessantes do jogo principal são os ninhos de vampiros que aparecem em toda a cidade. Esses ninhos são pequenas dimensões que coexistem em Redfall e são sustentadas por um coração em seu núcleo.

Os ninhos de vampiros levam você e seu grupo por uma parte caótica da cidade, com vampiros espalhados por todo o caminho. A destruição do coração do ninho abre várias áreas cheias de pilhagem com itens de qualidade superior, mas também faz com que o ninho comece a desmoronar, dando a você uma janela limitada para escapar com seus saques. Além disso, completar objetivos secundários ou matar certos tipos de vampiros preenche um medidor que invoca um super-vampiro que impressiona a primeira vez que você se depara com ele.

No geral, a jogabilidade de Redfall parecia bastante padrão para um jogo de tiro em mundo aberto. No entanto, a abordagem da Arkane Studios ao gênero combinando elementos de simulação e um sistema de classe assimétrico e complementar é muito interessante. O jogo de armas sólido emparelhado com habilidades sobrenaturais dá a Redfall um bom ponto de partida para os jogadores experimentarem a história e se familiarizar com seus sistemas antes de eventualmente quebrá-los com amigos quando o jogo for lançado em 2 de maio para PC e Xbox Series X.

Apesar de tudo, eu senti que Redfall poderia ter sido mais ambicioso em algumas áreas. As missões secundárias poderiam ter sido mais variadas e desafiadoras, e o enredo principal poderia ter sido mais envolvente. Além disso, embora a jogabilidade seja divertida e fluida, eu senti que o jogo poderia ter sido mais emocionante em algumas partes. Outro ponto extremamente negativo e que é corriqueiro em jogos do estúdio, é a inteligência artificial completamente quebrada.

Apesar de esse ser um dos poucos jogos em que o estúdio não faz lobby por jogar em stealth, ainda é possível se aproximar dos inimigos dessa forma. Por outro lado, a imersão ao fazer isso é completamente jogada para o lixo quando você chega próximo a um inimigo e sequer existe uma animação ao abater um inimigo de forma silenciosa. O jogo peca em vários desses momentos que te tiram da imersão, como algumas explosões de carros serem quase uma biribinha de São João, ou quando você limpa uma área inteira de inimigos, e ao voltar lá, eles já apareceram novamente. É como se suas ações não tivessem nenhum efeito em Redfall.

Eu entendo que ele não é um ‘immersive sim’ como outros jogos da Arkane, mas confesso que ao ter o incentivo de jogar single player, isso é um problema que me afeta bastante.

E por falar em problemas, é preciso voltar a bater na tecla de um lançamento para PC em 2023 que chega quebrado. Em meus testes jogando em uma RTX 2070 Super, as minhas horas de jogo foram recheadas de quedas de FPS ao longo do gameplay, chegando a muitos momentos ficar em 20fps, impossibilitando um bom combate. Inúmeros bugs visuais e de NPC’s caminhando em linha reta também foram notados.

É válido lembrar que normalmente os jogos ganham um patch de atualização no dia do lançamento, e alguns problemas citados aqui podem ser corrigidos.

No entanto, ainda estou animado para ver como Redfall evoluirá após o lançamento, e espero que a Arkane Studios continue a trazer inovação ao gênero de jogos de tiro em primeira pessoa.

Nota
Geral
7.5
redfallRedfall proporciona momentos divertidos, mas que podem acabar se repetindo quanto a sua proposta cooperativa ao se aprofundar nas missões secundárias. Com uma grande variedade de armas e vampiros, é possível se divertir bastante em sua jornada. Mas os problemas de desempenho no PC em seu lançamento, atrapalha bastante a experiência.