Rainbow Six Siege é um dos jogos mais longevos e únicos da sua geração. Em dez anos de existência, a Ubisoft experimentou, expandiu e, muitas vezes, cometeu tropeços na tentativa de manter seu shooter tático vivo. Agora, com Siege X (que é um patch e o jogo se torna gratuito), a franquia não apenas respira — ela renasce. Depois de passar horas dentro desse novo ciclo, testando tudo no meu setup, posso dizer com segurança: essa é, de fato, a maior e mais significativa transformação da história do jogo.

Dez anos de guerra, agora com história viva

Até hoje, o enredo sempre foi um pano de fundo distante em Siege. Mas Siege X dá um passo à frente. A rivalidade entre a Rainbow e a Keres Legion finalmente toma forma com o retorno de Deimos, um ex-Rainbow transformado em líder do Keres. A morte de Harry e o sequestro de Dokkaebi criam uma tensão inédita no universo do jogo, dando propósito real à luta tática que enfrentamos em cada partida.

Dual Front: uma boa ideia que esbarra no desgaste

O Dual Front é, sem dúvidas, a mudança mais ousada de Siege X. A ideia de colocar atacantes e defensores no mesmo time, disputando setores em partidas 6v6 com respawn e repick, traz um ritmo diferente. No começo, confesso que me empolgou. Era algo novo, com aquela sensação de “respirar diferente” dentro de Siege.

Porém, quanto mais eu jogava, mais percebia que o modo tende a se tornar repetitivo. Muitas partidas acabam travando em momentos longos de estudo excessivo, onde os times se movimentam pouco e o embate direto demora a acontecer. É um modo tenso, sim, e até empolgante nas primeiras partidas, mas a longo prazo começa a ficar enjoativo e até cansativo. Não é ruim — de forma alguma —, mas não me pegou como algo que vá sustentar maratonas de horas como o Siege clássico ainda consegue.

Destruição com propósito — e algumas surpresas

A destruição sempre foi parte do DNA de Siege, mas Siege X leva isso além. Agora, o mapa inteiro pode ser explorado estrategicamente como que Extintores criam nuvens de fumaça ao serem detonados, Detectores de metal emitem alarmes ao identificar movimento e Tubulações de gás explodem e bloqueiam rotas com fogo temporário.

Inclusive, numa das partidas, vivi um momento que só Siege pode proporcionar: no susto, atirei sem querer num extintor. A fumaça me engoliu completamente e, por alguns segundos, fiquei desorientado, perdido dentro daquela nuvem. Foi engraçado, mas ao mesmo tempo gerou aquela tensão imediata de saber que provavelmente tinha entregado minha posição. São situações como essa que deixam as partidas menos previsíveis e tornam cada rodada única e muito divertida.

Novos sistemas, a mente continua sendo sua maior arma

Mesmo com tantas mudanças, a Ubisoft não abriu mão das bases táticas de Siege. A preparação ainda exige o uso inteligente de drones e posicionamento defensivo preciso. Mas agora o Sistema de Pick e Ban foi reformulado: em vez de bans fixos no início, os bans acontecem simultaneamente a cada round, permitindo até seis operadores banidos por partida.

A Roda de Comunicação também veio para ajudar bastante, especialmente para quem joga solo. Ele permite marcar pontos de interesse rapidamente, sem precisar de comunicação por voz, o que facilita a coordenação mesmo em times improvisados. E com a nova UI, tudo ficou mais limpo, funcional e direto, sem perder o estilo tático característico da franquia.

Progressão finalmente repensada

O Clearance Level Revamp foi uma das mudanças que mais gostei. Agora, novos jogadores desbloqueiam operadores e playlists de forma gradual, o que torna o aprendizado muito mais acessível e evita aquela avalanche de informações logo no começo. Para quem está chegando agora, o ritmo de progressão está bem ajustado.

Já quem, como eu, acompanha o jogo há anos, recebeu os Recompensas de Veterano — insígnias e recompensas que reconhecem o tempo de dedicação ao Siege.

A abertura para novos jogadores com o modelo free-to-play também foi acertada. Modos como Quick Match, Deathmatch, Field Training e parte do conteúdo PvE estão acessíveis a todos, enquanto o competitivo — Ranked e Siege Cup — permanece reservado para quem adquire o jogo completo, o que protege o nível de competitividade do matchmaking.

Outro ponto que vale elogio é o novo Esports Tab. Agora, toda a cena competitiva de Siege fica centralizada no próprio jogo, com calendário, partidas ao vivo e acesso rápido aos torneios. Para quem acompanha o competitivo da franquia, era algo que realmente fazia falta e que, enfim, chegou.

Visualmente o jogo está mais bonito

Se tem algo que me chamou atenção logo de cara foi o capricho visual nos mapas. Mapas clássicos como Bank, Chalet, Clubhouse, Border e Kafe receberam um tratamento modernizado, com texturas novas, iluminação aprimorada e uma destruição ainda mais responsiva.

É nítido como os mapas agora têm mais identidade visual, com materiais mais realistas, sombras bem trabalhadas e uma ambientação que dá um frescor para quem já conhece esses cenários de trás pra frente. Jogar nesses mapas atualizados trouxe uma sensação de novidade, mesmo sendo terrenos familiares — e isso foi um dos pontos que mais gostei.

O trabalho de som em Siege X está em outro nível. O Audio Overhaul realmente elevou a importância do som como ferramenta tática. Localizar inimigos pelos passos, reverberação e até pelo tipo de piso virou algo natural. Porém, confesso que em alguns momentos, principalmente em situações de muito tiroteio, granadas e movimentação simultânea, o excesso de camadas sonoras me deixou meio perdido. Era tanto som acontecendo ao mesmo tempo que, em certas ocasiões, ficou difícil processar tudo. Ainda assim, na maior parte do tempo, o sistema funciona muito bem e entrega uma imersão sonora que o jogo nunca teve antes.

Desempenho

Aqui é onde Siege X mais me surpreendeu. Joguei no meu setup: Ryzen 5 3600, RTX 4060, 16 GB de RAM, tudo no máximo, rodando a cerca de 125 FPS constantes.

Quem já acompanhava Siege sabe: por anos o jogo carregou pequenos problemas de performance, como micro travamentos, engasgos de input e inconsistências no frame pacing. Finalmente, tudo isso sumiu. Nessa versão o jogo parece mais fluido que antigamente, e essa sempre foi uma das minhas maiores críticas, o que eu esperava que o jogo até ficaria mais pesado, mas está muito bom.

Siege X é o Siege que eu esperei ver há anos

No fim das contas, Rainbow Six Siege X não é só um novo capítulo. Ele é, de fato, o Rainbow Six que finalmente atinge seu potencial completo. As melhorias técnicas, o refinamento visual, o novo sistema de progressão e a modernização das mecânicas tornam essa versão a mais sólida e acessível de toda a história do jogo.

Para quem já viveu Siege por anos, como eu (embora comecei no meio do caminho), é gratificante ver o jogo finalmente nesse patamar. Para novos jogadores, nunca houve uma hora tão boa para começar. E no meu caso, depois de tanto tempo, desligar o jogo e pensar “é assim que Siege deveria ter sido desde o começo” foi a maior satisfação.

Nota
Geral
8
rainbow-six-siege-x-review-pcSiege X representa uma evolução sólida para a franquia, corrigindo antigos problemas e adicionando boas novidades, mesmo com alguns pontos que ainda deixam espaço para melhorias.