Não foi à toa que POPUCOM me fisgou de cara. Com visual fofo, cheio de cores vibrantes e personagens que parecem saídos de um desenho animado de sábado de manhã, o jogo da Hypergryph me fez sorrir logo nos primeiros minutos. Mas nem só de doçura vive um bom jogo, e conforme fui avançando, percebi que por trás daquela estética encantadora existia também uma certa mas pouca falta de “cores”.
Uma historinha simples, mas que funciona
A trama de POPUCOM é o que você esperaria de um jogo com essa carinha: leve, infantil, quase inocente. Você e seu parceiro — porque aqui não tem como jogar sozinho — precisam salvar um mundo que foi invadido por criaturas chamadas “Pomus”, usando um sistema baseado em cores para combater, resolver puzzles e avançar pelos cenários. Não há grandes reviravoltas ou dramas profundos, mas é tudo bem feito, com um ritmo gostoso e uma vibe que lembra desenhos da década de 2000, mas ao mesmo tempo me lembra de desenhos infantis atuais.
Mecânicas de cor: simples, mas inteligentes
O que POPUCOM tem de mais interessante está no seu sistema de cores. As armas disparam géis coloridos e os inimigos só são derrotados com a cor correspondente. Parece básico, mas isso se desdobra em uma série de puzzles e desafios em que você e seu parceiro precisam coordenar ações, trocar de cor rapidamente e entender a lógica de cada ambiente. É aí que o jogo brilha — principalmente quando você joga com alguém que embarca na proposta e entra no ritmo cooperativo.
Mas nem tudo é festa. Alguns puzzles se repetem demais ou demoram a evoluir em complexidade. Em certos momentos, tive a sensação de estar andando em círculos criativos. O jogo é divertido, mas faltou aquele empurrãozinho a mais para ser memorável.
Conforme você avança, POPUCOM introduz os chamados Super Artefatos — poderes especiais que podem ser ativados em momentos-chave. Eles ajudam bastante em combates e desafios, servindo como cartas na manga quando as coisas apertam. Não são mecânicas profundas, mas adicionam um tempero interessante à jogabilidade, especialmente nas fases mais agitadas.
Combate fofo, mas funcional
O combate em POPUCOM segue a mesma linha do resto do jogo: fofo, direto, sem violência gráfica. Você não está destruindo inimigos — está limpando Pomus com jatos de cor. Apesar da simplicidade, o combate tem sua graça, especialmente quando surgem inimigos que exigem trocas rápidas de cor ou posicionamento estratégico. Porém, depois de algumas horas, ele se torna um pouco repetitivo. O jogo tenta compensar com novos tipos de inimigos e situações, mas a base permanece a mesma, equanto algumas boss fights são memoraveis e divertidas.
Visual digno de animação
É impossível não se encantar com o visual de POPUCOM. Os personagens são expressivos, os ambientes parecem saídos de um livro ilustrado e as cores pulam da tela com um charme difícil de ignorar. A direção de arte acerta em cheio no que se propõe: criar um mundo acolhedor, divertido e que convida à exploração.
Uma coisa que me pegou de surpresa foi a personalização dos personagens. Achei que seria bem limitada, mas tem mais opção do que eu esperava: dá pra mudar cabelo, rosto, acessórios e até umas roupas diferentes. Nada super complexo, mas o suficiente pra montar um visual com a tua cara (ou quase). Ajuda a entrar mais no clima do jogo, ainda mais jogando em dupla — cada um com seu estilo, no meio desse mundaréu de cor.
Joguei no PC com um Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 16 GB de RAM, e a performance foi impecável. Nada de engasgos, quedas de FPS ou bugs estranhos. O jogo está muito bem otimizado, o que é um alívio — especialmente para um lançamento de um estúdio que ainda está se aventurando em novas frentes além dos mobile.
Um parque de diversões simpático, mas com brinquedos repetidos
POPUCOM me lembrou aqueles brinquedos de parque coloridos e vibrantes que encantam à primeira vista — mas que depois de meia hora começam a parecer todos iguais. Ele é bonito, divertido e tem alma. Só que essa alma, por vezes, parece presa num loop de fofura que não sabe muito bem como evoluir. Ainda assim, é uma ótima pedida para quem curte jogos cooperativos com pegada casual, especialmente se você tiver alguém para embarcar nessa viagem de cores ao seu lado. Porque, no fim, POPUCOM brilha mesmo é no jogo a dois — onde o simples vira conexão, e a fofura vira estratégia.