Quando peguei Neon Abyss 2 pela primeira vez, confesso que tinha uma expectativa dupla. Por um lado, sempre ouvi falar do primeiro jogo e morria de vontade de experimentá-lo; por outro, não sabia se conseguiria aproveitar uma sequência sem ter vivido o início da saga. Felizmente, minha experiência com o segundo título provou que, mesmo sem conhecer o primeiro, é possível mergulhar de cabeça nesse mundo digital vibrante e caótico. Desenvolvido pela Veewo Games e distribuído em parceria com a Kepler Ghost, Neon Abyss 2 se apresenta como um roguelike que, mais do que contar uma história, quer desafiar suas habilidades e te prender em cada run com uma variedade absurda de armas, inimigos e combinações de poderes.
Contos de deuses virtuais
O enredo de Neon Abyss 2 é intrigante, ainda que não seja o ponto mais forte do jogo. Assumimos o papel de uma força tarefa de Hades, explorando um submundo digital dominado por versões “virtuais” de deuses gregos. Essa mistura entre mitologia e tecnologia me pegou de surpresa e trouxe um charme único ao universo do jogo. A história é contada de forma fragmentada, através de diálogos rápidos e descrições de itens e inimigos. Confesso que não me senti impactado emocionalmente pela narrativa, mas percebi que o foco do jogo realmente está na jogabilidade. Cada pedaço de lore funciona mais como tempero para contextualizar nossas ações do que como motor principal da experiência, e isso é totalmente aceitável em um roguelike tão intenso.
Ação que exige cérebro e reflexo
O que realmente me prendeu em Neon Abyss 2 foi a jogabilidade. O título permite multiplayer cooperativo de até quatro pessoas, o que é uma adição rara em roguelikes desse estilo. Jogar com amigos abre possibilidades estratégicas muito interessantes: combinar combos, sincronizar ataques em boss fights e explorar sinergias entre armas e habilidades. Só percebi um problema ocasional: no modo multiplayer, o jogo às vezes não respondia completamente aos meus comandos, algo que me incomodou, mas que não tirou o brilho da experiência.
Um dos destaques da gameplay é a variedade de armas e a forma como elas alteram completamente sua abordagem a cada run. Desde armas corpo a corpo até cajados mágicos e armas de fogo, cada escolha muda seu ritmo, e uma das minhas favoritas foi uma arma que cria um “eco” do personagem repetindo seus movimentos e ataques. Nas boss fights, isso pode parecer quase injusto de tão poderoso, mas é uma diversão garantida. A cada nova run, o mapa, inimigos e recompensas mudam completamente, garantindo que cada tentativa seja única e exigindo que você adapte sua estratégia constantemente.
As boss fights são outro ponto alto. Algumas são tranquilas, outras desafiadoras ao extremo, mas todas têm padrões que se tornam evidentes conforme você joga. Essa curva de aprendizado me fez sentir cada vitória mais recompensadora, e a necessidade de recomeçar do zero após morrer adiciona tensão e emoção a cada decisão. O valor do replay é absurdamente alto, e pensar nas próximas builds e combinações me manteve motivado a continuar explorando o jogo.
Sistemas que desafiam suas escolhas
O sistema de Fé é uma novidade que realmente me chamou atenção, aparentemente ausente no primeiro jogo. Ele funciona como um cassino digital: você pode usar Fé para obter itens aleatórios ou recrutar mais Choquemons, tornando cada run imprevisível e dinâmica. Algumas recompensas me deixaram empolgado, enquanto outras me frustraram ao perder tudo, mas essa aleatoriedade é parte do charme do roguelike.
A mecânica central é simples na superfície: movimentar-se, esquivar e atirar, mas se aprofunda na estratégia conforme você encontra diferentes inimigos e padrões de ataque. Cada arma traz uma jogabilidade distinta, e é preciso adaptar sua abordagem constantemente. Isso me fez perceber que o jogo recompensa planejamento e improviso na medida certa, tornando cada run um desafio que estimula criatividade e reflexos rápidos.
Cores e som que grudam
Visualmente, Neon Abyss 2 é um espetáculo. Cores neon vibrantes dominam cada ambiente, combinando perfeitamente com o título do jogo e criando uma identidade estética marcante. A diversidade de inimigos, cenários e efeitos visuais faz com que cada run pareça diferente da anterior, mesmo que você já tenha jogado várias horas.
A trilha sonora é outro ponto que me agradou muito. Ela acompanha a intensidade da ação sem se tornar repetitiva, e os efeitos sonoros das armas e inimigos ajudam a criar feedback imediato e satisfatório durante o combate. Tudo isso contribui para uma experiência imersiva e energizante, que casa perfeitamente com o ritmo frenético do jogo.
Fluidez sem concessões
Joguei Neon Abyss 2 em um PC com Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 32 GB de RAM em dual channel a 3600 MHz, rodando em 1080p nativo e monitor de 180Hz. O desempenho foi impecável: nenhuma queda de FPS perceptível, fluidez total e gráficos consistentes, mesmo em momentos com muitos inimigos e efeitos na tela. O único problema que encontrei foi o bug ocasional no multiplayer que mencionei, mas fora isso, o jogo se manteve estável e otimizado.
Um roguelike que desafia e recompensa
Neon Abyss 2 é uma experiência que consegue ser intensa, estratégica e divertida ao mesmo tempo. Mesmo sem ter jogado o primeiro título, consegui mergulhar no universo digital de deuses gregos virtuais e encontrar uma gameplay que me prendeu por horas a fio. A variedade de armas, inimigos, mapas e builds garante que cada run seja única, enquanto o sistema de Fé adiciona uma camada de imprevisibilidade que mantém o jogo fresco a cada tentativa.
O que mais me marcou foi a sensação de que o jogo está sempre me desafiando a pensar, improvisar e evoluir. Cada vitória é recompensadora, cada derrota ensina algo novo, e a combinação de visual vibrante, trilha sonora envolvente e performance impecável transforma Neon Abyss 2 em um roguelike que não apenas entretém, mas deixa uma impressão duradoura. Se você procura um jogo que consiga unir adrenalina, estratégia e diversão em doses iguais, Neon Abyss 2 é impossível de ignorar. Ele não só respeita a essência do roguelike, como eleva o gênero a um novo patamar, garantindo que cada run seja uma experiência memorável que vai ficar na sua cabeça muito tempo depois de sair do jogo.