Os jogos de terror sempre ocupam um espaço significativo no mundo dos games e a realidade atual mostra-se promissora, com apostas envolvendo até mesmo remake de jogos como Resident Evil e Dead Space. A aposta da Invader Studios é um prelúdio de Daymare 1998, abordando o período anterior aos eventos do primeiro jogo, especificamente, quatro anos antes de todos os acontecimentos.

Assumimos o papel de Dalila Reyes, membro da H.A.D.E.S, cuja experiência na área de TI será fundamental para sua operação de infiltração, além do resgate de um item específico em uma base secreta. As coisas não saem como o esperado, com a agente travando uma luta pela sobrevivência. Possui diversos momentos com os famosos jumpscares, alguns já observados em outros jogos.

Daymare 1994 inclui elementos de sobrevivência e terror, com visão em terceira pessoa. A atmosfera entrega a sensação de perigo e o ambiente escuro trata de aumentar ainda mais a sensação de que algo pode ocorrer, sem que o jogador esteja preparado. A lanterna ajuda na percepção do ambiente, porém, em alguns ambientes, nem mesmo a lanterna é capaz de suprir nossa necessidade.

Visualmente, nota-se uma inspiração de filmes dos anos 90. Acerta na intenção de sua abordagem e erra na entrega do produto final, principalmente nas cenas e suas edições. A parte sonora serve como complemento, mesmo que limitado e com diálogos para lá de duvidosos. Não é um dos destaques principais, mas auxilia na imersão. No entanto, em momentos importantes, o som não é eficiente, com uma câmera tão próxima ao personagem, não percebemos um ataque por trás, portanto, não dependa apenas dos barulhos em sua jornada, fique atento.

Obviamente, a homenagem relacionada a Resident Evil é clara, com a Invader Studios tentando mesclar elementos conhecidos com a identidade de seu jogo. O combate, inventário e objetos são conhecidos do público gamer, contando com uma nova “roupagem”. A ambição do estúdio é digna de destaque, mas sua execução não. Possivelmente, o baixo orçamento limitou o desenvolvimento mais aprimorado do game e isso faz parte do mercado de jogos. Nem sempre os gráficos são o destaque e sim as inovações sobre histórias, gameplays e até recursos diferenciados.

 

Ambientes escuros são comuns em jogos de terror e Daymare adota uma estrutura que mantêm o jogador interessado. Porém, devo ressaltar que a qualidade de desenvolvimento não é das melhores, com problemas visuais significativos no jogo. O sistema de combate também fica abaixo do esperado, com armas que muitas vezes não possuem a precisão e eficiência necessárias para uma boa experiência.

A reação dos inimigos e sua IA também são parte do problema. Os ataques são frequentemente desproporcionais aos nossos tempos de resposta para evitar tais danos no confronto com as criaturas e isso não é nada divertido. Os inimigos não são lentos como em alguns jogos de “zumbis”, no entanto, com o tempo, notamos um certo padrão repetitivo que acaba facilitando sua eliminação.

Os monstros possuem duas cores distintas: azul e vermelho. Os azuis são eliminados com qualquer arma e os vermelhos são eliminados após congelamento. Ao eliminar o oponente, um recurso de eletricidade segue para outro inimigo morto e pode ocorrer uma reanimação. Alguns podem até mesmo se teletransportar e emitir eletricidade, com nosso personagem sofrendo um dano enorme.

Certas mecânicas não são intuitivas, com a sensação de dificuldade aumentando conforme progredimos. Os ataques em grupo sofridos em determinados momentos dificultam o progresso, onde temos que atacar os inimigos e evitar que outros retornem com o recurso de reanimação. O uso das armas, com a necessidade de alternação entre elas é complicado, recarregar uma arma é um processo lento e mesmo que você corra, os danos serão certos.

O ritmo, a quantidade de inimigos, as formas de ataque, defesa, os recursos adicionais, são importantes em um jogo, com Daymare 1994 limitando a variação inimigos, entregando, como contraponto, a tentativa de uma abordagem dos mesmos inimigos de forma diferenciada. O ritmo e a estratégia de abordagem dependerão do jogador.

Prepare-se para ficar preso em algum cenário do jogo por mais tempo que o esperado, onde a abordagem de três inimigos ao mesmo tempo, sendo um deles capaz de efetuar teletransporte é desafiador, sem um recurso eficaz de “save” para te ajudar.

A experiência no mundo de Daymare 1994 é linear sem grandes momentos de exploração, porém, direciona uma mecânica que pode agradar, como o recurso em que usamos um scanner para obter itens coletáveis ou o spray de gelo, ótimo como arma.

O arsenal de armas é limitado, assim como o sistema de puzzles, com desafios acessíveis e não tão desafiadores. Ocasionalmente, com recursos escassos, enfrentar criaturas em determinados ambientes pode proporcionar uma sensação de frustração inevitável. A melhor arma do jogo é a escopeta, associada ao recurso do Frost Grip. O game pode ser punitivo, com a letalidade em alta caso o jogador não tenha o domínio certo do armamento e recursos liberados em Daymare.

A jogabilidade ganhou melhorias, com uma estrutura mais sólida, polida que o título anterior, adicionando também um pouco mais de exploração (limitada) e sistemas de batalhas melhores (também com limitações como citado acima). O inventário está mais simples e intuitivo.

Visualmente, algumas áreas apresentam renderização satisfatória, mesmo em ambientes relativamente escuros. Nas áreas que possuem iluminação, os detalhes ficam mais evidentes. No entanto, a modelagem de personagens, suas animações e as cutscenes são sofríveis. As animações são bem estranhas com sincronização labial e olhar de personagens sem vida.

Daymare1994: Sandcastle teria potencial com um orçamento melhor e implementações de destaque que apontariam o jogo como um destaque no mercado de games e não apenas uma imitação de Resident Evil. É uma proposta desperdiçada com boas intenções.

Nota
Geral
6.0
daymare-1994-sandcastleDaymare 1994: Sandcastle busca um lugar ao sol, utilizando como base jogos conhecidos, porém, com poucas implementações e diversas falhas de desenvolvimento que atrapalham seu triunfo. É um jogo limitado, que diverte por pouco tempo. Sem grandes expectativas, serve como jogo adicional para todos aqueles que amam tudo relacionado a franquia Resident Evil e suas inspirações. E só...