Como alguém que está sempre atrás de experiências inusitadas nos games, fui imediatamente atraído pela proposta maluca de Battle Train. A ideia de um roguelike de cartas misturado com combate tático sobre trilhos, ambientado em um game show explosivo, já me dizia que essa não seria uma viagem qualquer. E não foi mesmo. Meu objetivo? Virar o “Supreme President Conductor”, numa competição onde trens são armas e estratégia é questão de sobrevivência.
Caos e carisma em alta velocidade
Desde os primeiros minutos, percebi que Battle Train é muito mais do que uma série de batalhas. A narrativa aqui é parte do espetáculo, não um mero pano de fundo. Em pouco tempo, me vi cercado por personagens absurdamente carismáticos: apresentadores insanos, rivais exagerados e NPCs com falas que me arrancaram risadas genuínas. Tudo isso faz parte de um universo que parece saído de um desenho animado alucinado.
O humor, sempre presente, combina com o clima absurdo do jogo — e isso funciona bem. Com cerca de 15 horas de campanha principal, o roteiro sabe quando ser idiota, quando surpreender, e principalmente, quando me deixou rir do meu próprio fracasso. A sensação é de estar mesmo participando de um reality show bizarro, onde cada vitória (ou derrota) tem um público assistindo de camarote.
Uma locomotiva de estratégia
Mas o coração do jogo está no combate — e aqui, ele brilha. Cada partida é como uma batalha de xadrez sobre trilhos em chamas. O sistema baseado em cartas é simples de entender, mas cheio de possibilidades. Cartas de trilho, ataque, defesa e habilidades especiais compõem o baralho inicial, mas o grande barato está em como essas cartas se complementam e interagem com o campo de batalha.
A cada vitória, ganho moedas para comprar cartas novas, melhorar as antigas e turbinar meu trem com habilidades únicas. É um loop viciante de experimentar, adaptar e tentar novamente. Nenhuma partida é igual à anterior, e a imprevisibilidade dos confrontos mantém a adrenalina alta. As explosões não são só um espetáculo visual — elas mudam o mapa, forçam decisões rápidas e punem erros de cálculo sem piedade.
Ainda assim, após muitas horas de jogo, comecei a sentir a estrutura mostrar algumas rachaduras. Por mais que o jogo ofereça uma grande variedade de cartas e prometa mais de 100 horas de rejogabilidade, a sensação de repetição começa a aparecer. Os inimigos, mesmo com visuais diferentes, acabam seguindo padrões parecidos, e a emoção das primeiras descobertas perde um pouco da força com o tempo. Senti falta de eventos mais imprevisíveis, que quebrassem o ritmo e me tirassem da zona de conforto.
Um espetáculo de pixels e ruídos
Visualmente, Battle Train é um presente. A estética pixel art não só funciona — ela eleva o jogo. Tudo é colorido, dinâmico e cheio de personalidade. As animações, especialmente nas explosões e na movimentação dos trens, são vibrantes e satisfatórias de assistir. É como se cada carta jogada acendesse um pavio — e o jogo faz questão de te mostrar o resultado com muito estilo.
A trilha sonora complementa esse espetáculo com precisão. As músicas têm ritmo, tensão e humor, acompanhando bem a ação frenética. Os efeitos sonoros, como o barulho dos trilhos, os apitos e o estrondo das explosões, adicionam uma camada importante de imersão. Tudo colabora para te colocar dentro desse universo insano — e é fácil esquecer do mundo real quando se está tão imerso no caos controlado do jogo.
Rodando liso rumo ao desastre
No quesito desempenho, Battle Train é impecável. Joguei em um Ryzen 5 3600 com uma RTX 4060 e 16 GB de RAM, e tudo rodou de forma fluida do início ao fim. Mesmo nas fases mais explosivas, não houve travamentos, quedas de FPS ou qualquer tipo de problema técnico. A otimização está claramente bem feita — e isso me deixa ainda mais curioso para ver como ele vai se comportar no Nintendo Switch, onde será lançado em 18 de junho de 2025. A demo gratuita no Steam também mostra que o jogo está bem ajustado mesmo antes de seu lançamento oficial.
O último apito
Battle Train é exatamente o que promete: uma viagem caótica, cheia de estilo, personalidade e mecânicas que grudam na mente. Ele mistura gêneros de forma inteligente, entrega humor, tática e caos em doses generosas, e oferece horas de diversão desenfreada. Pode não ser um jogo infinito — e sim, com o tempo o brilho inicial pode dar lugar a uma certa previsibilidade — mas é um daqueles títulos que vale a pena conhecer e aproveitar enquanto o motor ainda está quente.
No fim das contas, Battle Train não é para quem joga com medo. Aqui, cada carta pode virar o jogo, cada trilho é uma decisão crucial, e cada trem lançado pode ser o último suspiro de um inimigo — ou o seu. Hesitar é morrer. Agir com ousadia é o que separa o condutor comum do verdadeiro mestre dos trilhos do caos.