Minha jornada em Assassin’s Creed Shadows foi longa e, por vezes, exaustiva. Já havia dedicado mais de 70 horas explorando cada recanto do Japão feudal, então a promessa de uma expansão com mais de 10 horas de conteúdo em uma nova ilha, a misteriosa Awaji, era ao mesmo tempo tentadora e arriscada. Eu estava genuinamente curioso, especialmente por poder retomar a saga de Naoe e Yasuke e experimentar a nova arma: o Bo Staff.
A expectativa era descobrir algo novo, entrar em território inexplorado, sentir a tensão de cada sombra e cada emboscada, e encontrar desafios que realmente exigissem atenção plena. Eu ansiava por esse retorno, esperando que a expansão trouxesse frescor à experiência já consolidada do jogo-base.
Fantasmas e legados
Em Claws of Awaji, fui direto para a ilha guiado por rumores de uma shinobi misteriosa que eu acreditava ser mãe de Naoe, Tsuyu. Ao chegar, percebi que me tornara alvo da facção Sanzoku Ippa, que buscava o artefato Regalia. Enfrentei quatro antagonistas: Kimura Yukari, seu guarda-costas Imagawa Tomeji, o espião Yasuhira e a mestra de stealth Nowaki. Minha missão era resolver pontas soltas do jogo-base, mas logo percebi que a narrativa se mantinha simples e previsível.
Apesar disso, senti que Awaji em si contava sua própria história. Cada canto transmitia opressão, cada sombra escondia perigo, e a tensão se tornou o motor principal da experiência. A narrativa explícita não me envolveu tanto quanto a sensação de navegar em um mundo que parecia vivo e consciente das minhas ações. As emboscadas e armadilhas faziam com que cada passo exigisse cuidado, e essa imersão me prendeu mais do que qualquer cutscene.
A caçada constante
A jogabilidade em Awaji se manteve familiar, mas acrescentou nuances que me mantiveram atento. A geografia montanhosa e vertical da ilha exigiu que eu navegasse de maneira diferente do mapa principal. Em cada missão, senti que estava sendo caçado, com inimigos disfarçados de civis e emboscadas surgindo inesperadamente.
A dinâmica entre Naoe e Yasuke continuou central. Eu percebi que Naoe se destacou nas missões de stealth, enquanto Yasuke era mais eficiente no combate aberto. As atividades secundárias não me surpreenderam, mas algumas mudanças, como enviar batedores que agora podiam alertar inimigos, me forçaram a repensar minha estratégia e trouxeram um desafio renovado. Essa sensação de “jogo dentro do jogo” me fez redescobrir mecânicas que eu já conhecia de uma forma nova e excitante.
O poder do Bo Staff
A introdução do Bo Staff foi uma mudança que adorei explorar. Com suas posturas alta, neutra e baixa, eu consegui realizar combos precisos e causar dano confiável em inimigos individuais. A arma exigiu que eu adaptasse meu estilo de combate, focando em precisão e timing.
O ápice da expansão foi a luta contra Nowaki. Ela se escondia entre manequins de palha, e eu precisei confiar no som de sua voz e na Visão de Águia de Naoe para localizá-la. Essa batalha se tornou um teste de paciência e habilidade furtiva, me lembrando de momentos memoráveis de stealth que vivi em outros jogos. Além do conteúdo pago, aproveitei as melhorias gratuitas: limite de nível aumentado para 100, novas habilidades, atualizações no esconderijo, meditação para avançar o tempo e remoção automática da névoa do mapa. Essas mudanças me fizeram sentir que a Ubisoft Bordeaux se importava em refinar minha experiência no jogo-base.
Atmosfera viva e ameaçadora
Awaji se mostrou visualmente impressionante. A variedade de biomas, de praias a pântanos e selvas, trouxe uma melancolia opressiva que me envolveu. Cada posto militar, cada castelo espartano reforçou a sensação de vigilância constante.
O áudio intensificou minha imersão. Os sons ambientes e sussurros aumentaram minha atenção durante as infiltrações, enquanto a música de combate alternava abruptamente para faixas mais agressivas, criando tensão e adrenalina. Durante a luta contra Nowaki, percebi que ouvir cuidadosamente cada som era tão importante quanto agir com precisão. Essa escolha musical me fez sentir o perigo, lembrando que estava dentro de um jogo de ação, mas com estratégias que exigiam raciocínio.
A frustração técnica
Minha experiência no PC foi marcada por frustrações. Mesmo com Ryzen 7 5700X, 32 GB de RAM e RTX 4060, enfrentei quedas de FPS em cutscenes e stuttering durante o gameplay. Descobri que o Ray Tracing, ativo por padrão, consumia muita VRAM, e precisei reduzir a qualidade das texturas. Com DLSS em modo Qualidade e Frame Generation, consegui rodar o jogo a cerca de 80 FPS, mas ainda precisei de pequenos ajustes nas sombras para manter fluidez, porém mesmo assim tive muitas quedas que atrapalhou em geral minha experiencia, principalmente em missões e combate.
Awaji gravada na memória
Claws of Awaji é um paradoxo que me marcou profundamente. Encontrei momentos de brilhantismo, como a luta contra Nowaki e a versatilidade do Bo Staff, e apreciei as melhorias gratuitas que refinaram minha experiência. A ilha trouxe tensão constante e me fez redescobrir mecânicas familiares de forma instigante.
Mesmo assim, senti que a expansão falhou em inovar o suficiente para justificar seu preço, especialmente para alguém que, como eu, já havia investido dezenas de horas no jogo-base. A narrativa não surpreendeu, atividades secundárias foram repetitivas e problemas de otimização no PC ofuscaram partes da experiência.
O que guardo de Awaji não é apenas o conteúdo, mas a sensação de tensão, estratégia e desafio que ela trouxe. As ideias criativas do jogo brilham, mesmo quando obscurecidas por falhas técnicas, e essa experiência me lembrou que, mesmo em um mundo virtual, cada decisão e cada sombra têm peso. Awaji me ensinou que a imersão e o design cuidadoso podem criar memórias fortes, mesmo em meio a imperfeições.