Desde os primeiros segundos em Dune: Awakening, senti algo diferente. Afinal, meu sonho era esse jogo, e ali estava, o universo completo de Duna se abrindo diante dos meus olhos: desde os grãos de areia que ondulavam sob o vento até os primeiros acordes daquela trilha sonora impecável ecoando como prelúdio de uma jornada monumental. No entanto, junto ao fascínio, surgia uma sensação de tensão — tanto técnica quanto emocional — que me fisgou e, por isso mesmo, me manteve vidrado.

Um Universo Onde Paul Nunca Nasceu

A proposta da história me pegou de surpresa: esse é um universo alternativo onde Paul Atreides nunca nasceu. E isso muda tudo. O poder está fragmentado, o caos reina, e o destino de Arrakis é decidido por nós, sobreviventes, exilados e aventureiros. A forma como a narrativa se desenrola é muito interessante. Mesmo que o jogo ainda esteja em acesso antecipado, já conseguimos sentir que há uma intenção de contar algo grande, e isso me prende.

Entre Casas e Habilidades: A Escolha do Caminho

O jogo possui árvore de habilidades bem elaborada, como se cada “casa” fosse uma classe distinta. Podemos ser Soldado, Mentat, Planetologista, Bene Gesserit ou, a minha favorita, Mestre Espadachim. Cada uma traz mecânicas, benefícios e um estilo de jogo que muda completamente a experiência. É um sistema profundo, com possibilidades interessantes, e que merece atenção. Cada escolha molda seu papel nesse mundo, e influencia diretamente a forma como você interage com Arrakis.

Infelizmente, o combate ainda precisa de muito polimento. Achei o corpo a corpo muito fraco. As animações não parecem naturais, e a resposta dos golpes é estranha. Em muitos momentos, a sensação era de estar batendo no vento. Em um jogo tão imersivo, isso quebra o ritmo. O combate é genérico, sem impacto, e precisa ser melhor trabalhado para fazer jus ao resto da experiência.

Sobrevivência nas Dunas

O jogo tem um sistema de pesquisas que permite aprender a construir diversos itens — desde bases, essenciais para sobreviver, até veículos que são vitais para atravessar esse deserto cruel. Usar o fabricador para fazer itens é muito legal. A animação é bonita, o processo é fluido. É gratificante ver sua base crescendo aos poucos, com suor, pedra por pedra. Mas é preciso estar preparado: sem veículos, jogar Dune: Awakening se torna uma provação. Atravessar as dunas a pé é um ato de resistência, e o ambiente castiga. Foi exatamente isso que senti.

A primeira vez que vi uma tempestade de areia vindo em minha direção, eu congelei. Aquilo era gigantesco, natural e assustador. A pressão que senti, o medo de ser engolido por aquilo, não foi pequeno. E, de fato, quando fui atingido, o dano foi enorme. É um elemento de gameplay que não só adiciona desafio, mas impõe respeito ao ambiente. O som, o visual e a força com que ela atravessa o mapa criam uma tensão muito legal.

Uma das coisas que mais me marcaram foi poder coletar sangue dos inimigos e beber. Achei isso tenebroso. Não apenas pela ação em si, mas pelo que isso representa. A sobrevivência aqui é selvagem. Há momentos em que você faz coisas que não quer, mas precisa. E isso é muito Duna. É brutal, frio e desconfortável. E mesmo assim, necessário.

Morrer para os vermes de areia é punitivo. E muito. Eu estava pouco avançado, mas já tinha vários itens interessantes. Ver tudo indo embora porque fui engolido por um verme foi frustrante. Mas ao mesmo tempo, foi coerente. O nível de dificuldade é muito mais complexo do que parece. Explorar o deserto é tenso, e qualquer deslize custa caro.

Ping Alto e Falta de Servidores Brasileiros

Joguei sem servidor brasileiro, o que resultou em um ping de mais de 200ms. Apesar disso, em vários momentos eu não senti grandes problemas. Claro que não é ideal, mas foi jogável. Resta torcer para que a Funcom traga servidores na América do Sul o quanto antes. Uma experiência online de um jogo assim merece infraestrutura adequada.

Conan Exiles no DNA, mas com Alma Própria

Não tem como fugir da comparação: ele é muito parecido com Conan Exiles. E faz sentido, já que é da mesma desenvolvedora. Mas aqui, o foco é diferente. A sobrevivência é mais crua, mais solitária, mais frágil. Duna tem identidade, mesmo com semelhanças. E isso é importante: não é um simples reskin, é uma reinterpretação dentro de uma nova mitologia.

Visual Impressionante, Mas Ainda com Problemas

O gráfico do jogo é muito bonito. E quando digo bonito, não falo apenas de resolução ou de texturas. Falo da forma como tudo é apresentado: a luz, a poeira, a forma como a tempestade avança no horizonte… Tudo transmite sensação de realismo e urgência. No meu setup — Ryzen 5 3600, RTX 4060, 16 GB de RAM, com DLSS no modo qualidade e Frame Generation — consegui manter tudo no máximo em 1080p. A performance foi satisfatória… pelo menos por um tempo. Após algumas horas, o FPS começa a cair e eu era obrigado a reiniciar o jogo. Mesmo colocando tudo no mínimo, o problema persistia. Isso, infelizmente, quebra um pouco da imersão.

A trilha sonora é impecável. A ambientação sonora é tensa, pontual, e sabe quando entrar para te deixar desconfortável ou imerso. O som da areia é absurdo. A sensação de estar sendo engolido pela tempestade é amplificada por cada estalo, por cada sussurro do deserto. O áudio é tão bom que em alguns momentos, fechei os olhos e senti como se estivesse ali, ouvindo o vento cortante e a areia raspando.

Quando a Areia Te Testa Até o Fim

Dune: Awakening não é para todos. Ele não te segura pela mão, não te poupa, não te recompensa facilmente. Aqui, você luta contra a areia, contra o tempo, contra os outros, contra si mesmo. É uma experiência que mistura beleza com dor, imersão com frustração. Mas no fim, é exatamente isso que me fez amar esse jogo.

Porque Dune: Awakening não quer que você vença. Ele quer que você sobreviva.

E se você conseguir… talvez então, você mereça Arrakis.

Nota
Geral
8.5
dune-awakening-review-pcDune: Awakening é duro, imersivo e exige paciência. Não é um jogo de vitória fácil, mas quem aceita o desafio encontra um universo fascinante e cruel, onde cada conquista tem peso. É sobreviver ou ser engolido pela areia.