Se tem uma coisa que me pega de jeito em jogos de sobrevivência é aquele momento de silêncio antes da tempestade. Em Dune: Awakening, esse silêncio vem carregado de poeira, calor e a ameaça constante de algo gigante vindo das profundezas. Joguei o beta fechado de maio, e mesmo com ressalvas, posso dizer: andar pelas dunas de Arrakis é uma experiência única — principalmente quando um verme colossal grita e começa a vir direto na sua direção.
Um deserto cheio de promessas (e perigos)
A criação de personagem já foi o primeiro sinal de que a Funcom quer deixar a gente imerso nesse universo. Fiquei um bom tempo só ajustando o rosto, cabelo e detalhes do meu sobrevivente. O nível de personalização é bem satisfatório, e isso ajuda a criar aquela sensação de “esse sou eu no deserto”.
E quando o jogo começa de fato, Dune: Awakening acerta na atmosfera. O cenário, o clima de perigo constante e a solidão são muito bem traduzidos. O sistema de sede é uma sacada legal, dá uma camada a mais de tensão e reforça que ali, em Arrakis, nada é fácil. Você tem que pensar, se mover com cautela, e estar sempre de olho no ambiente — porque qualquer passo em falso pode ser o último.
O momento mais marcante da minha jogatina foi quando, do nada, vi um verme de areia rasgando o chão e vindo na minha direção. Aquilo é impactante. E mesmo eu já esperando algo assim, foi impossível não sentir um frio na espinha. Dune não perdoa quem relaxa.
Movimento duro em um mundo fluido
Mas nem tudo são grãos dourados. O ponto que mais me decepcionou foi, sem dúvida, a movimentação durante o combate. Caminhar e correr funcionam bem, mas na hora de enfrentar inimigos ou trocar tiros, tudo parece travado, duro, pouco intuitivo. Há uma sensação de atraso nos comandos e uma falta de peso nos impactos. Para um jogo que pretende ter PvP intenso no futuro, isso precisa de muito polimento.
É claro que a Funcom ainda está ajustando o sistema, mas vindo de uma empresa que já trabalhou em Conan Exiles — e aqui vale lembrar que Dune: Awakening compartilha muita coisa com Conan — eu esperava algo um pouco mais fluido. Inclusive, se você já jogou Conan Exiles, vai se sentir em casa aqui: sistema de crafting parecido, base similar de sobrevivência, e até o feeling geral lembra bastante.
Construir, explorar, sobreviver
A construção de base é funcional, mas não traz nenhuma grande inovação. Usei o set CHOAM disponível no beta, e deu pra fazer uma base segura e com o básico bem estruturado. Nada que vá revolucionar o gênero, mas também não decepciona.
O desempenho, por outro lado, foi excelente. Rodou muito bem, sem quedas de FPS ou bugs graves. Isso, pra mim, foi uma das maiores surpresas. Num jogo de mundo aberto, ainda em beta, isso costuma ser um ponto crítico — mas aqui, foi bem sólido.
E o uso de veículos, como o sandbike, também ajuda na locomoção quando você não quer ser enterrado vivo por um verme gigante. É divertido pilotar pelo deserto, e ajuda a cortar distâncias que, a pé, seriam dolorosamente longas.
No radar
Dune: Awakening ainda tem um longo caminho pela frente, especialmente no que diz respeito ao combate e à suavidade nos controles. Mas se a Funcom conseguir equilibrar isso e manter a imersão que o universo de Duna oferece, eles têm nas mãos um dos jogos de sobrevivência mais promissores dos últimos anos.
Por enquanto, fico com a experiência. Caminhar pelas dunas, construir abrigo contra tempestades e ver um verme de areia surgir do nada são coisas que só esse jogo te dá — e isso, por si só, já diz muita coisa.